segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

A Reconstrução do Neoconservadorismo Fortalezense: Capitão Wagner e o Ronaldo Martins

O deputado federal e pré-candidato a prefeito de Fortaleza, Capitão Wagner (PROS), recebeu o apoio da direção estadual do Republicano (PRB), no primeiro final de semana de fevereiro de 2020. O presidente estadual do Republicano, o deputado federal Ronaldo Martins, compreendeu a necessidade da reconstrução do novo pólo neoconservador, nas eleições de Fortaleza. O PROS e o Republicano irão atrair o movimento cívico conservador fortalezense pró-Jair Bolsonaro e favorável ao pacote anticrime do ministro Sérgio Moro, que é um universo de aproximadamente 1/3 do eleitorado da capital cearense. 

O deputado federal e pastor Ronaldo Martins (Republicano), já tinha  pago um preço político-eleitoral muito alto, quando fez parte do condomínio político-administrativo do governador Camilo Santana (PT) e do prefeito de Fortaleza, o pedetista Roberto Cláudio, pois o seu eleitor de perfil cristão conservador votou no presidente eleito, Jair Bolsonaro, no primeiro turno e no segundo turno, nos municípios cearenses, no pleito eleitoral de 2018. Ronaldo Martins tem um senso de responsabilidade administrativa e republicana muito forte, porém, nunca imaginou a adesão maciça dos eleitores pentecostais e dos eleitores neopentecostais, assim como dos católicos conservadores na campanha presidencial, em Fortaleza, tanto contra o presidenciável Ciro Gomes (PDT), no primeiro turno, como também no segundo turno com o sentimento antagônico ao presidenciável Fernando Haddad (PT). O erro não vai acontecer no pleito eleitoral de 2020.

Os principais analistas políticos e  jornalistas da área de política apenas publicaram sobre a aliança do Republicano e do bloco oposicionista (PROS-PODE-PSC-Avante), numa visão restrita as coligações partidárias. O grande mérito da aproximação do deputado federal, Capitão Wagner, e do deputado federal, Ronaldo Martins, é a possibilidade de repetir a estratégia vitoriosa bolsonarista  ao construir um verdadeiro exército de apoiadores nas redes sociais e nas classes sociais, com o movimento ” povo de Deus ”. O presidente Jair Bolsonaro mantém uma comunicação direta, com o cidadão-eleitor cristão, isso ocorre independente da denominação religiosa do mesmo. Jair Bolsonaro compreendeu a força das pautas morais, de visão sacra no mundo privado, do brasileiro comum, na arena política do debate público. Capitão Wagner já tem esse nicho eleitoral organizado em Fortaleza.

Os evangélicos fortalezenses e os católicos fortalezenses acreditam na cruzada cultural contra a pauta de gêneros do Governo do Estado do Ceará e da Prefeitura de Fortaleza. O governador Camilo Santana (PT) e o prefeito fortalezense, Roberto Cláudio (PDT), mantêm uma aproximação ,política-institucional, com  reflexo na área eleitoral, com os movimentos sociais favoráveis às minorias sexuais, sem dialogar no mesmo nível, com os movimentos tradicionalistas cristãos. As agremiações com atuação na área dos costumes conservadores terão muita dificuldade de reproduzir aliança de palanque, com o PDT e o PT, no pleito eleitoral de Fortaleza: PRTB, Patriota e PTC. É muito difícil não ocorrer interferência do Palácio do Planalto nos seus principais partidos satélites, por isso as fórmulas de alianças nos últimos dois pleitos eleitorais (2016 e 2018), já não tem quase nenhuma serventia nesse pleito eleitoral de 2020, em Fortaleza.

O pré-candidato a prefeito de Fortaleza, Capitão Wagner, tem condição de  construir uma boa base social composta por  militantes e  ativistas oriundos dos grupos religiosos conservadores, nas redes sociais. A sua história de vida tem muito apelo no modelo de  resignação do cristão conservador fortalezense, com isso poderá criar  uma ligação muito forte no imaginário de parte da sociedade civil. Novos tempos onde a arena da disputa eleitoral nas redes sociais, proporciona condições de  uma maior intensidade de debate público, em relação aos tradicionais veículos de comunicação: rádio, jornal e televisão.  A polarização entre oposição e situação no pleito eleitoral de Fortaleza, já vai acontecer no primeiro turno, pois será independente da pulverização dos candidatos a prefeito.


O prefeito Roberto Cláudio (PDT) talvez não compreenda ainda o peso do eleitorado neoconservador na capital cearense. Eleitorado que é por natureza anti-progressista, como também não voltará ser ator político-eleitoral secundário nas políticas públicas de Fortaleza, nos próximos anos, em função da sua influência nas novas políticas culturais e de gêneros, nas instituições públicas do Governo Federal. Roberto Cláudio precisa reconstruir o diálogo nas redes sociais, com o "povo de Deus" sem a intermediação de parlamentares e dos líderes religiosos, pois o vínculo precisa ser direto e de identificação das causas conservadoras. O tempo é muito curto para essa empreitada de reaproximação do grupo político cirista-robertista com o público neoconservador fortalezense.

Luiz Cláudio Ferreira Barbosa sociólogo e consultor político 

Fortaleza, 03 de Fevereiro de 2020




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