segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Artigo - Camilo, o mercador da política

 

Houve um tempo em que ser filiado a um partido político representava o perfil ideológico de seus filiados. Socialistas, comunistas, democratas, liberais... todos bem definidos nas siglas partidárias. Claro que havia subdivisões nas bandeiras do próprio ideal partidário, diante daqueles que defendiam o capital, o trabalhador, a educação, a saúde, a cultura, o meio ambiente, o esporte, a juventude, os direitos humanos, a mulher, as minorias, a maioria... tudo de acordo com o viés partidário.




Mas a política há muito rompeu com a ideologia e virou um negócio rentável para os partidos. Quantidade se sobrepõe à qualidade, principalmente se vier com mandato. O fundo partidário passou a ditar regras, antes ditadas pela ética.

E muitos partidos políticos são atualmente verdadeiros balcões de negócios...

O Ceará é hoje uma das maiores escolas do país na formação do político mercador. Com mérito de uma “política autoempreendedora”, o grupo liderado pelos Ferreira Gomes mostra ao longo dos anos como se manter no poder, diante da hábil troca de partidos.

Atualmente no PDT, o grupo já teve o partido como principal adversário. O mesmo ocorreu com o PPS, PSB e o PROS, esse último sendo o atual adversário. O grupo também já esteve no PMDB e no PSDB, mas então no campo ideológico.

Com quase duas décadas no poder, o grupo se reinventa a cada ciclo. A última grande estratégia foi abrir uma espécie de filial, que atualmente subjuga o Partido dos Trabalhadores (PT), tendo como “gerente” o governador Camilo Santana.

Não é preciso ser economista ou administrador de empresas para entender que o PT no Ceará é um “puxadinho” do PDT. Basta conferir a pouca representatividade do partido no Governo do Estado, além da perda de prefeituras, mesmo Camilo na condição de governador em duas eleições municipais.

Apesar de nunca ter se destacado como liderança, Camilo sabe “estar liderança”. E não mede consequências para se valer do cargo maior no Estado.

Prestes a apresentar contas com o PT nacional, Camilo colocou em prática o seu perfil de “mercador” e filiou 12 prefeitos ao partido. O governador levará à direção nacional um total de 29 prefeituras, entre peixes pescados e peixes comprados. E daí, se 41% das prefeituras não foram conquistadas pelo PT por meio do voto? O que vale é o cardume.

Luiz Cláudio Ferreira Barbosa é sociólogo e consultor político




Lula - Geraldo Alckmin e o seu palanque no Ceará


 


O ex-presidente Lula (PT) e o ex-governador paulista, o médico Geraldo Alckmin, sem dúvida irão formar uma chapa majoritária, para a sucessão presidencial de 2022. A Nova Frente Liberal que foi construída por Lula e pelo Geraldo Alckmin tem como principal objetivo nesse momento, com certeza, a diminuição da rejeição do lulopetismo entre as classes médias brasileiras. Geraldo Alckmin, em minha opinião, vai ser uma filial no Solidariedade, pois nessa agremiação partidária, o mesmo teria o controle da direção nacional. 

 

O ex-presidente Lula tem teto político-eleitoral de aproximadamente 40 % dos votos válidos, nas pesquisas estimuladas, para a presidência da República. Lula precisa diminuir a sua rejeição nas classes médias tradicionais brasileiras, pois o antilulopetismo é tão forte como o antibolsonarismo nesses setores organizados da sociedade civil, porém, este é o espaço natural do surgimento do eleitorado pró-Sérgio Moro. O ex-governador Geraldo Alckmin (SP) vai ser a segunda carta ao Povo Brasileiro do ex-presidente Lula (PT), para o setor financeiro e o setor do agronegócio, contudo, é também garantia de governabilidade perante essas agremiações partidárias: Solidariedade, PV e PSD. 

 

O governador Camilo Santana (PT) vai liderar a federação partidária pró-Lula, em solo cearense. Camilo Santana tem a compreensão da alta popularidade do ex-presidente Lula entre os eleitores locais, um fato que é algo muito impressionante na região metropolitana de Fortaleza, representando  algo próximo a 50% da perspectiva eleitoral, nas pesquisas estimuladas de opinião pública. A estimativa eleitoral favorável ao presidenciável petista nos pequenos e médios municípios alencarinos, já é algo aproximadamente de 65% dos votos válidos, nas pesquisas estimuladas encomendadas nos veículos de comunicação.  

 

O relatório da Consultoria LCFB aos seus clientes, já fez a previsão da criação de duas federações partidárias anti-Lula: Jair Bolsonaro (PL) e Sérgio Moro (PODE). A federação partidária pró-Jair Bolsonaro tem as seguintes agremiações: PL, PTB, PSC, PROS e Avante. Existe a possibilidade da entrada do partido Progressista e Republicano após a reforma ministerial, no Governo Federal. Os prováveis partidos da federação partidária pró-Sérgio Moro: Podemos e União Brasil. O PSDB e o Cidadania vão esperar um pouco mais,  até a primeira quinzena de fevereiro, para saber a viabilidade eleitoral do presidenciável tucano, João Doria, pois poderão abrir canal de negociação, com o presidenciável do Podemos. 

 

O presidenciável pedetista, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), ainda não construiu nenhuma perspectiva de Federação Partidária, no pleito eleitoral deste ano. Os pequenos partidos vão compor uma federação partidária sem definição de candidatura presidencial: PMN-PRTB-Agir 36-DC e Patriota.  O governador Camilo Santana será candidato ao Senado, porém, ainda temos a possibilidade de uma candidatura ao cargo de chefe do executivo estadual oriundo da federação partidária a nível nacional pró-Lula. Camilo Santana é o representante local da futura chapa majoritária presidencial entre Lula e  Geraldo Alckmin, pois é algo bem maior do que as alianças pessoas, na política cearense.

 

Luiz Cláudio Ferreira Barbosa é consultor político