quarta-feira, 27 de março de 2019

Jair Bolsonaro e a Arte da Governabilidade

A vitória da candidatura presidencial do ex-deputado federal, Jair Bolsonaro, sempre foi considerada uma resposta política ao fim do modelo administrativo fernandista-lulista (1995-2018) de quase vinte e cinco anos, no período da Nova República. O presidente Jair Bolsonaro ainda não tem modelo administrativo para substituição do presidencialismo de coalizão de promiscuidade, com o Congresso (Câmara e Senado). 

O presidente Jair Bolsonaro fez boa manobra política-administrativa, na construção da sua Esplanada dos Ministérios, com escolhas técnicas. Houve  o acerto da parceria com as bancadas temáticas ou bancadas informais, com as suas indicações ministeriais. O mesmo modelo foi adotado no segundo escalão e no terceiro escalão da administração pública federal. Visando combater a  corrupção , ocorreu uma diminuição do tráfico de influência  nos cargos por indicações políticas; e o fim da influência das cúpulas partidárias no erário ou receita econômica do Governo do Brasil. 

O único erro ,do presidente Jair Bolsonaro, foi a recondução do atual presidente da Câmara, o deputado federal, Rodrigo Maia, ao comando da Mesa Diretora no biênio (2019-2020). No Congresso Alto (Senado) não houve o mesmo erro da Câmara. Jair Bolsonaro precisa começar um processo de não misturar a sua vida íntima como chefe de família, com o papel de presidente da República. A opinião pública brasileira nos grandes centros urbanos é sensível ao excesso de manifestação pública, nas redes sociais do chefe do executivo, em assuntos banais ao interesse da governabilidade.

O presidente Jair Bolsonaro deverá recriar o seu núcleo político. Observamos a presença mais atuante do vice-presidente Hamilton Mourão e do ministro General Heleno, assim como do ministro Sérgio Moro e do ministro Paulo Guedes. O núcleo político com ênfase no amadorismo antes da chegada ao poder, já não pode ou deve ter papel relevante. Jair Bolsonaro já não tem o mesmo capital político, como tinha há quase noventa dias atrás. E tem uma missão difícil, é preciso fazer a reforma da previdência e o pacote anticrime ainda nesse ano (2019).

Luiz Cláudio Ferreira Barbosa sociólogo e consultor político 

Fortaleza, 27 de Março de 2019