terça-feira, 29 de outubro de 2019

Jair Bolsonaro e o seu estilo de Governança Pública


O presidente Jair Bolsonaro (PSL) não adotou o figurino tradicional de chefe do executivo do Governo Federal. Jair Bolsonaro manteve o seu estilo tradicional de  líder de um grupo político familiar, com quase nenhuma ligação ao universo partidário. O núcleo político-administrativo é o clã Bolsonaro, com as suas virtudes e os seus defeitos. O presidente Jair Bolsonaro apenas introduziu novos atores políticos pela necessidade de ocupação de cargos chaves na administração pública da Esplanada dos Ministérios.

O eleitorado tradicional bolsonarista não é contra a participação dos familiares e dos agregados, como o núcleo político-administrativo do presidente da República. A  última eleição de Jair Bolsonaro como deputado federal carioca pelo Partido Social Cristão (PSC), no pleito eleitoral de 2014, sem dúvida foi o início dos preparativos da pré-campanha eleitoral para a presidência. A direção nacional da agremiação cristã (PSC), iria vetar a postulação de Jair Bolsonaro, por isso o núcleo familiar e os simpatizantes ou agregados multipartidários foram os responsáveis pela organização da campanha midiática e dos eventos nos grandes municípios brasileiros do futuro presidente da República. Os militares na ativa e os militares aposentados apenas  aderiram a campanha pré-eleitoral do Jair Bolsonaro, em função da grande perspectiva de vitória eleitoral. O bolsonarismo é um movimento cívico conservador de lideranças horizontais, mas sempre teve núcleo central: o clã Bolsonaro.

O presidente Jair Bolsonaro atraiu vários militares para os cargos de primeiro e segundo escalão do Governo Federal. A entrada dos civis é de acordo com as bancadas temáticas do Congresso ( Bala, Boi e Bíblia), na Esplanada dos Ministérios. Os ideólogos olavistas e a sua guerra cultural, é apenas estratégia política-eleitoral de manutenção do antipetismo, como política pública, em alguns Ministérios (Educação, Meio-Ambiente, Direitos Humanos). Jair Bolsonaro somente toma alguma decisão política-administrativa, quando faz consulta individual a cada filho: Flávio, Carlos e Eduardo.

O ex-presidente Michel Temer (2016-2018) no período de sua passagem no Palácio da Alvorada, adotou o presidencialismo de compadrio, no início de seu mandato, com os seus correligionários, assim como fez a ex-presidente Dilma Rousseff (2011-2016). O antecessor do atual presidente da República, já no auge de uma enorme crise institucional e moral, criou o semiparlamentarismo. O sistema semiparlamentarismo não estava previsto na Constituição de 1988, por isso era modelo político-administrativo de caráter informal. O chefe do executivo dividiu alguns dos seus poderes, com o presidente da Câmara e com o presidente do Senado. O estilo de autogestão da crise institucional temerista foi fracasso na área administrativa e na área política-eleitoral. 

O ministro da Economia, Paulo Guedes, é o responsável pela renovação do sistema presidencialista. Paulo Guedes virou o primeiro ministro informal ou chefe de governo informal. O superministro fez aliança estratégica com o mercado financeiro e com setores produtivos da indústria e comércio, sendo  o agronegócio brasileiro  seu principal braço político no Congresso. Pela primeira vez na história da Nova República (1985-2019) temos na área econômica uma política ultraliberal aos moldes da Escola de Chicago (EUA) e do Círculo de Viena (Áustria). É importante frisar o apoio de parte da opinião pública que é  favorável às reformas: Trabalhista (2017), Previdência (2019) e Tributária (2020).  O Congresso (Câmara e Senado) são reféns das pautas econômicas do Governo Federal e dos agentes econômicos do setor privado.

O presidente Jair Bolsonaro deverá em breve ter o controle do Partido Social Liberal. O bolsonarismo não tem interesse de ser ator político-eleitoral nômade até a véspera do pleito eleitoral de 2020, para a presidência da República. Jair Bolsonaro não faz qualquer ato público sem antes fazer o cálculo de impacto entre os formadores de opinião pública. A imprensa brasileira já compreendeu a enorme capacidade do atual chefe do executivo federal de não ser refém dos editoriais jornalísticos. A política brasileira não será a mesma após o último biênio (2018-2019).

Luiz Cláudio Ferreira Barbosa sociólogo e consultor político 

Fortaleza, 29 de Outubro de 2019 



quarta-feira, 9 de outubro de 2019

A Segunda Avaliação da Política Cearense e Política Fortalezense

O processo de reaproximação do ex-governador, Ciro Gomes (PDT), e do senador Tasso Jereissati (PSDB), já é fato consumado perante a opinião pública. Ciro Gomes e Tasso Jereissati tentam diminuir a lacuna entre os seus grupos políticos. O tassismo caminha para ser subgrupo do cirismo-cidista, porém sem a participação do PSDB secção cearense. A reedição da modernidade conservadora sem a presença ou auxílio do Governo Estadual, mas somente o pacto entre Tasso Jereissati e Ciro Gomes. 

O governador Camilo Santana (PT) vai manter a sua aliança no campo privado, com o senador Cid Gomes (PDT), pois no espaço público já há divórcio político-eleitoral entre o cirismo e o lulismo, na esfera local e na esfera nacional. Camilo Santana deverá apoiar a pré-candidatura petista à prefeitura de Fortaleza, com o apoio do ex-senador Eunício de Oliveira e do MDB, no pleito eleitoral de 2020. Cid Gomes tentará reconstruir a ponte política-eleitoral entre o PT e o PDT, nos principais municípios cearenses, nas eleições do próximo ano.

O ex-presidente Lula não defende a manutenção da aliança entre o seu partido (PT) e o grupo político do ex-governador Ciro Gomes (PDT), na política nacional, com o seu reflexo na política local (Ceará). O lulismo-camilista tem a sua força oriunda do controle político-administrativo do Governo do Estado do Ceará, com isso tentará impor a sua hegemonia perante ao cirismo-cidista. Não há condição de PDT e o PT não estarem em palanques diferentes, no pleito eleitoral de Fortaleza de 2020. 

O deputado federal, Capitão Wagner (PROS), mostra capacidade ímpar de fazer as alianças locais via as suas relações nacionais: Wilson Witzel (PSC), João Doria (PSDB) e ACM Neto (DEM). É notório o interesse de muita liderança da política nacional em derrotar o ex-governador, Ciro Gomes, e o Partido Democrático Trabalhista, no pleito eleitoral de Fortaleza. O governador do Rio de Janeiro, o ex-juiz Wilson Witzel, já colocou a sua agremiação partidária (PSC), como aliado de primeira ordem do quase prefeiturável Capitão Wagner (PROS), o mesmo caminho será feito pelo o atual governador paulista (João Doria), em apoio ao principal pré-candidato anti-cirista, no pleito eleitoral de Fortaleza. O prefeito de Salvador e presidente nacional do Democrata, ACM Neto, tem interesse de ter o deputado federal, Capitão Wagner, como o pré-candidato a prefeito da capital cearense, na sua agremiação partidária.

O deputado estadual do PSOL, o advogado Renato Roseno, deverá ser o principal representante da esquerda fortalezense, no pleito eleitoral do próximo ano. Renato Roseno foi candidato a prefeito de Fortaleza, em duas oportunidades, com boas votações: 6% (2008) e 12% (2012). O PSOL poderá ser o maior partido fortalezense na classe média e nos movimentos sociais, após o pleito eleitoral de 2020, na capital cearense. O deputado estadual Heitor Férrer (SD) deverá ser a melhor opção de candidato a vice-prefeito de Fortaleza, na chapa majoritária encabeçada pelo deputado federal Capitão Wagner (PROS), no próximo ano.

O deputado federal Célio Studart (PV) é pré-candidato a prefeito de Fortaleza. O diretório nacional do Verde já definiu como prioridade a pré-candidatura de Célio Studart ao cargo de chefe do executivo do maior município cearense. É muito provável a boa votação dessa agremiação partidária entre os eleitores fortalezenses de concepção ideológica pró-meio-ambiente no primeiro turno da sucessão do prefeito Roberto Cláudio (PDT), daqui a doze meses. 

O filiado do Novo 30, o empresário Geraldo Luciano, é sem dúvida a grande incógnita do pleito eleitoral de Fortaleza de 2020. O Novo 30 deverá substituir o PSL na preferência do eleitorado de tendência liberal na área econômica e dos costumes, nos principais bairros da maior cidade alencarina. A onda laranja poderá impulsionar nova terceira via, com forte impacto eleitoral na grande classe média de renda baixa de Fortaleza: dois salários até cinco salários mínimos? Sim!

O prefeito Roberto Cláudio (PDT) não deve tentar usar a estratégia de lançamento da pré-candidatura a sua própria sucessão na prefeitura de Fortaleza, bem especificamente no seu grupo político-administrativo; na véspera do início do pleito eleitoral. Roberto Cláudio somente pode evitar a vitória do quase prefeiturável, Capitão Wagner (PROS), no primeiro turno. A ida de algum pré-candidato pedetista ao segundo turno, não é certeza, em função da pré-candidatura petista-emedebista, com a pulverização de pré-candidatos na terceira via no eleitorado fortalezense. O provável posicionamento do Cidadania-PPS e do empresário, Alexandre Pereira , foi tema no artigo anterior do Blog do Luiz Cláudio Ferreira Barbosa.

Luiz Cláudio Ferreira Barbosa sociólogo e consultor político 

Fortaleza, 08 de Outubro de 2019



sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Alexandre Pereira e o Cidadania (PPS) - O Centro Democrático Fortalezense

O Partido Popular Socialista tem mais de três décadas de atuação na política nacional e local, no atual período da nova república (1985-2019). O Partido Comunista Brasileiro se tornou o PPS, no início dos anos 90. Neste ano o PPS-PCB passou a ser chamado de Cidadania 23. Tornando-se sem dúvida o primeiro partido de centro ou centrista da política brasileira. Qual será o papel do Cidadania-PPS no pleito eleitoral de Fortaleza?

O presidente nacional do Cidadania-PPS, o ex-senador Roberto Freire (PE), sempre manteve a sua agremiação partidária na oposição ao presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), assim como no período lulista-dilmista (2003-2016). No período do ex-presidente Michel Temer (2016-2018) o Cidadania-PPS manteve posicionamento de independente, em relação ao Palácio do Planalto, porém compreendeu a necessidade das medidas saneadoras no erário público da equipe do ex-ministro da Fazenda, o economista Henrique Meirelles, na tentativa desesperada de equilibrar as contas públicas.

O Cidadania-PPS se movimentou no início do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), para o centro do espectro ideológico brasileiro. O governador maranhense, Flávio Dino (PC do B) e o cearense e ex-governador, Ciro Gomes (PDT), também fizeram o mesmo movimento, para o centro democrático da política brasileira, num movimento idêntico ao Cidadania-PPS, em detrimento as suas agremiações partidárias. O Podemos do senador Álvaro Dias tem discurso republicano centrista, porém caminha para uma posição de centro-direita, como o Partido Oficial da Lava-Jato (Sérgio Moro). O Podemos e o Cidadania-PPS têm posições idênticas no Congresso (Senado e Câmara), em relação às reformas econômicas: Previdência, Tributária, Pacto Federativo e as Privatizações.

No próximo ano teremos as eleições municipais, em todo território brasileiro. Na cidade de Fortaleza vai ter candidato de centro-direita bem competitivo, com boa chance de ser vencedor ainda no primeiro turno. Eu falo do quase prefeiturável do PROS, o deputado federal Capitão Wagner, da frente partidária oposicionista (PROS-Podemos-PSC) ao prefeito Roberto Cláudio e do grupo político dos irmãos Gomes (Ciro-Cid). Há uma tendência do Democrata secção cearense e o PSDB nacional do governador paulista, o empresário João Doria, a manisfestarem apoio ao Capitão Wagner, no pleito eleitoral de Fortaleza de 2020.

O empresário e presidente estadual do Cidadania-PPS, Alexandre Pereira, mantém o apoio à atual administração municipal de Fortaleza, no campo administrativo e no campo legislativo, isso é fato. Alexandre Pereira tem noção da estratégia do prefeito Roberto Cláudio de somente fazer a indicação do seu candidato a sua própria sucessão na prefeitura de Fortaleza, apenas na véspera do início do período oficial eleitoral. O Partido Democrático Trabalhista secção fortalezense poderá optar por uma candidatura desconhecida da opinião pública, com certeza o Cidadania-PPS vai lançar uma candidatura a prefeito de Fortaleza, no próximo ano (2020).


O Cidadania-PPS deverá tentar ocupar o centro democrático fortalezense, num primeiro momento junto aos principais atores sociais da classe média tradicional, com concorrência direta ao Novo 30 (Geraldo Luciano) na centro-direita. Quanto ao espectro da centro-esquerda será uma concorrência direta, com o quase prefeiturável, Renato Roseno (PSOL), que tem discurso palpável aos eleitores progressistas dos bairros nobres de Fortaleza. Cidadania-PPS não será peão no tabuleiro da sucessão municipal de Fortaleza de 2020.

Luiz Cláudio Ferreira Barbosa sociólogo e consultor político 

Fortaleza, 04 de Outubro de 2019



quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Geraldo Luciano e o Novo 30 - A Classe Média Fortalezense

A agremiação partidária o Novo (30) é sem dúvida a grande novidade política-partidária da eleição municipal de Fortaleza de 2020. O eleitorado, liberal fortalezense na área econômica, com certeza deverá marchar bem distante das agremiações partidárias tradicionais. O caso mais recente desse fenômeno é a votação obtida pelo deputado estadual, Heitor Férrer (SD), nos bairros nobres da capital cearense, no pleito eleitoral de 2012, no primeiro turno. 

É preciso entender o motivo da rejeição da classe média fortalezense  por  prefeiturável de perfil populista. Isso é fato histórico já comprovado nas últimas cinco eleições municipais de Fortaleza, com as derrotas dos candidatos popularescos nos bairros nobres de Fortaleza: Moroni Bing Torgan (2000-2004-2008 e 2012) e o Capitão Wagner (2016).  O atual prefeito da capital cearense, o médico Roberto Cláudio (PDT),  teve grande sua vitória entre os eleitores, com os melhores índices de escolaridade e classe econômica, no segundo turno do pleito eleitoral de 2012 e 2016. Fato esse, talvez  por ter a menor rejeição eleitoral nesses segmentos sociais mais abastados de Fortaleza. 

O empresário e pré-candidato a prefeito de Fortaleza, Geraldo Luciano (Novo), tem condição de ocupar a posição de representante natural das pautas sociais da classe média fortalezense, no pleito eleitoral de Fortaleza. Geraldo Luciano não precisa aderir ao discurso moralista do presidente Jair Bolsonaro, mas o mesmo precisa defender o discurso técnico-administrativo e político do ministro da Economia, Paulo Guedes, nas seguintes reformas: Previdência, Tributária e as Privatizações. Já existe um grande eleitorado neoliberal social na sociedade civil fortalezense, com enorme capacidade de impor uma boa votação, para a sua escolha partidária-eleitoral, no primeiro turno do pleito eleitoral de Fortaleza.

O prefeito Roberto Cláudio (PDT) só tem duas alternativas eleitorais bem avaliadas na classe média Fortalezense: senador Cid Gomes e o deputado estadual Salmito Filho. Roberto Cláudio terá muita dificuldade de derrotar a candidatura do Capitão Wagner (PROS), nos bairros periféricos, no pleito eleitoral de Fortaleza, no primeiro turno. O líder pedetista não deverá lançar politicamente nenhum sucessor ao executivo municipal, sem antes verificar se  o mesmo terá uma relativa aceitação popular nas classes médias da capital cearense.

O provável prefeiturável, Geraldo Luciano (Novo), não deve tentar nenhuma excursão aos eleitores mais pobres de Fortaleza. Geraldo Luciano deverá manter a sua aproximação com os eleitores mais ricos da capital cearense. É uma estratégia política-eleitoral simples que foi muito eficiente no pleito eleitoral de 2012, na candidatura da coligação PDT - Cidadania (Heitor Férrer). O Novo (30) tem uma grande possibilidade de fazer a viabilização do seu candidato a prefeito de Fortaleza, com certa antecedência, em relação ao Partido Democrático Trabalhista, no início do próximo ano.


As palestras e os seminários produzidos internamente na agremiação partidária Novo (30), já começam a atrair um grande contigente de simpatizantes, nos bairros nobres de Fortaleza, mais especificamente na Aldeota e Meireles, porém com reflexo no bairro de Fátima e na grande Bezerra de Menezes; assim como a grande Messejana. Deste modo não é muito difícil prever o surgimento do primeiro partido liberal fortalezense. O provável candidato a prefeito de Fortaleza, o deputado estadual Renato Roseno (PSOL), também é o representante da classe média fortalezense, com viés mais favorável as bandeiras de gêneros.

Luiz Cláudio Ferreira Barbosa sociólogo e consultor político 

Fortaleza, 03 de Outubro de 2019