segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Denis Bezerra e o PSB do Ceará

O Partido Socialista Brasileiro (PSB) secção cearense deverá ser o maior aliado do governador Camilo Santana (PT) e do presidente estadual do PDT, o senador Cid Gomes, nas eleições municipais de 2020. É preciso compreender o significado do PSB na política local, como ator político-eleitoral de estabilização e manutenção da aliança PT e PDT nos grandes centros urbanos. O presidente estadual do PSB, o deputado federal Denis Bezerra, pode ser considerado como um jovem líder em ascensão no xadrez eleitoral do Ceará.

O estilo comedido do deputado federal, Denis Bezerra, é a sua principal característica e também sua marca política. Denis Bezerra não tem interesse em chamar atenção dos principais analistas políticos ou veículos de comunicação. O mesmo trabalha num ritmo frenético e ao mesmo tempo é discreto em relação aos seus resultados espetaculares: a presidência estadual do PSB; e o principal aliado do condomínio político-administrativo-eleitoral de Camilo-Cid.

O presidente estadual do PSD, o ex-deputado Domingos Filho, assim como o presidente estadual do PP, o deputado federal AJ Albuquerque, têm grande aproximação com o grupo do senador Cid Gomes (PDT), sendo ambos aliados secundários, em relação ao grupo político do governador Camilo Santana (PT) e do ex-senador Eunício Oliveira (MDB). O presidente do Solidariedade, o deputado federal Genecias Noronha, sempre manteve uma linha de colaboração com o cidismo-trabalhista e o Governo Estadual, porém, é uma liderança de perfil independente no espectro político-eleitoral.

O presidente do Cidadania (PPS) e secretário municipal, o empresário Alexandre Pereira, também mantém uma relação política-administrativa, com o senador Cid Gomes (PDT) e o governador Camilo Santana (PDT), todavia, já caminha para um posicionamento de independência na sucessão municipal de Fortaleza, no próximo ano. O presidente estadual do PTB e prefeito de Juazeiro do Norte, Arnon Bezerra, sem dúvida mantém boa relação política-administrativa com o bloco partidário PT e PDT a nível estadual, mas sempre dando ênfase à sua reeleição ou política municipal de Juazeiro do Norte.

A direção estadual do Partido Socialista Brasileiro deverá ser o principal fiador político-eleitoral dos candidatos cidistas e dos candidatos camilistas sem espaço nas legendas do PDT e do PT, nas eleições municipais de 2020. É preciso frisar que a agremiação partidária socialista não é legenda de aluguel, e sim ponto de congruência do campo democrático. O governador Camilo Santana (PT) e o senador Cid Gomes (PDT) têm no deputado federal, Denis Bezerra (PSB),  o novo aliado político-administrativo-eleitoral para a diminuição das zonas de atritos da enorme base governista.

A nova fase de aliança do governador Camilo Santana (PT) e do senador Cid Gomes (PDT), já necessitava de um novo parceiro político-eleitoral, para trazer mais equilíbrio e construir uma ponte democrática entre os maiores grupos da política cearense. O PSB secção cearense já vinha há muito tempo trabalhando numa excelente relação de prováveis pré-candidatos aos executivos municipais, assim como nas câmaras municipais. Os socialistas se tornaram por seus próprios méritos os principais aliados do condomínio político-administrativo camilista-cidista. O deputado federal, Denis Bezerra, vai manter a sua postura republicana da manutenção da estabilidade política-administrativa independente dos conflitos de interesses da política nacional.

Luiz Cláudio Ferreira Barbosa sociólogo e consultor político 

Fortaleza, 16 de Dezembro de 2019



quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Célio Studart e a Nova Política - Parte 01

O termo nova política já envelheceu há muito tempo. A ex-senadora Marina Silva (REDE) gostava de usar essa expressão nos seus eventos políticos e nos eventos jornalísticos. O deputado estadual, Heitor Férrer (SD), foi o grande entusiasta do movimento da nova política, no estado do Ceará. O eleitorado não adepto dos políticos tradicionais ( alguns deles corruptos), sem dúvida não vai deixar de acreditar no surgimento de novas lideranças (republicanas). O deputado federal Célio Studart (PV) é o real exemplo do novo político ou homem público de concepção ética e moral republicana.

O movimento ecológico cearense nunca foi organizado como força política-eleitoral nas últimas eleições estaduais (2010-2014-2018). O Partido Socialismo e Liberdade sempre manteve ala de ativistas ecológicos entre os seus filiados. A discussão de gênero sempre foi a principal pauta interna do diretório estadual do PSOL, em detrimento da pauta ecológica. Os ecossocialistas cearenses nunca elegeram um representante parlamentar, em nenhuma casa legislativa: Câmara Municipal, Assembléia Legislativa e Congresso. 

Os ecologistas neocapitalistas ou ecologistas liberais da classe média tradicional fortalezense sempre votaram no indivíduo e nunca nas organizações partidárias. As grandes votações da presidenciável Marina Silva (REDE) nos pleitos eleitorais de Fortaleza, nos anos de 2010 e 2014, sem dúvida é fruto em grande parte dos indivíduos de consciência ecológica. O movimento social pró-natureza é horizontal na maior cidade do Ceará, em outras palavras não é ligado a nenhum partido específico. 

É necessária a compreensão do surgimento do cidadão-eleitor favorável ao direito dos animais, como algo muito recente na política cearense. O indivíduo que ama o seu animal de estimação, já tem propensão de ouvir atento alguma proposta política-administrativa favorável à causas animais. Os ecossocialistas e os ecosliberais nunca compreenderam esse filão social da classe média tradicional, em relação ao animal como membro da família. A preocupação com a preservação das dunas e do parque ecológico do Cocó, com certeza sempre foram as principais bandeiras das ONGS ecológicas e do PSOL,  com essas pautas o Partido Verde e a REDE nunca foram fortes na política fortalezense, e muito menos nos movimentos sociais.

O advogado Célio Studart sempre esteve na vanguarda dos novos movimentos sociais dessa década (2011-2020) ou década dos anos 10. Célio Studart sempre se manifestou contra a corrupção, assim como contra os gastos públicos dos parlamentares, porém, o seu carro chefe é a defesa dos direitos dos animais. O cidadão-eleitor neoecologista é liberal na área econômica e dos avanços jurídicos de defesa dos animais, todavia, o mesmo é muito conservador na área dos costumes e no combate à corrupção. 

Este é meu primeiro artigo sobre o fenômeno político-eleitoral do deputado federal Célio Studart (PV), escreverei outro aprofundando  essa analise.Célio Studart teve aproximadamente 209 mil votos para deputado federal, no estado do Ceará, e somente no município de Fortaleza, o mesmo teve o sufrágio eleitoral de 126 mil indivíduos. O Partido Verde deverá lançar o jovem parlamentar cearense como candidato a prefeito de Fortaleza. Irei tentar descrever esse enorme contingente de eleitores quase invisíveis nos períodos não eleitorais, mas que se materializam quando as urnas são abertas nos períodos eleitorais: 2016 (Fortaleza) e 2018 ( Ceará). 

Luiz Cláudio Ferreira Barbosa sociólogo e consultor político 

Fortaleza, 12 de Dezembro de 2019




quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Roberto Pessoa e o Novo PSDB Nacional

O deputado federal Roberto Pessoa caminha para ser o principal interlocutor do governo paulista, João Doria, na política cearense. Roberto Pessoa demonstra capacidade ímpar de adequação aos novos paradigmas tucanos. O PSDB nacional deverá orientar os diretórios estaduais e os diretórios dos municípios maiores. Surge a questão de qual deverá ser a melhor opção de alianças nas eleições 2020.

O governador João Doria transformou o PSDB nacional no seu veículo político-eleitoral de sua pré-candidatura presidencial, em 2022. João Doria não trabalha com a perspectiva de liberdade de ação dos diretórios regionais tucanos, em outras palavras: a lógica nacional acima das lógicas estaduais e das lógicas municipais. O deputado federal Roberto Pessoa deverá ser candidato a prefeito de Maracanaú, com isso já faz um realinhamento no primeiro plano ao diretório nacional, num claro movimento de distanciamento do diretório estadual.

O senador Tasso Jereissati ainda mantém o controle do comando burocrático do PSDB cearense, assim como caminha para uma reaproximação com o grupo político-administrativo do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e do senador Cid Gomes (PDT). O tassismo não elegeu nenhum deputado estadual ou deputado federal, no pleito eleitoral de 2018. O deputado federal Roberto Pessoa e a deputada estadual, Fernanda Pessoa, são oriundos do Partido Liberal, sem vínculo histórico, com PSDB secção cearense, assim como o deputado estadual, Nelinho, tem o seu próprio grupo político independente do diretório estadual tucano. Os ex-deputados Federais Danilo Forte e Raimundo Gomes de Matos estão no segundo escalão do Governo Federal.

O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), e o governador paulista, João Doria (PSDB), vão apoiar a pré-candidatura do deputado federal, Capitão Wagner (PROS), para prefeito de Fortaleza. O DEM nacional e o PSDB nacional têm noção do peso político-eleitoral de terem um bom palanque na sucessão presidencial de 2022, em solo cearense. O presidente estadual tucano, o ex-senador Luiz Pontes, e o presidente demista, o empresário Chiquinho Feitosa, são simpatizantes do palanque de Ciro Gomes (PDT), para a presidência da República, no pleito eleitoral de 2022. Existem interesses  antagônicos entre as lideranças nacionais e as lideranças regionais.

O deputado federal Roberto Pessoa (PSDB) terá uma campanha eleitoral muito difícil, para o seu retorno, como chefe do poder executivo, no município de Maracanaú, na região metropolitana de Fortaleza. A popularidade do governador Camilo Santana (PT) entre os moradores dessa importante cidade (Maracanaú), configura  fato decisivo, para que o deputado federal, Roberto Pessoa, já  procure fazer o comunicado do seu apoio ao grupo político-partidário (PROS-PODE-PSC-Avante) do Capitão Wagner, buscando um realinhamento do seu próprio grupo político nos municípios de Fortaleza e Maracanaú. Roberto Pessoa deverá retornar ao Democrata (Ex-PFL) para ser candidato a prefeito de Maracanaú, com isso o PSDB terá a aquisição na ativa na Câmara do deputado federal, Danilo Forte, na bancada tucana.

A política nacional deverá refazer o quadro partidário cearense nos pleitos eleitorais das principais cidades cearenses. As mudanças das direções estaduais das agremiações partidárias vai sair do controle do governador Camilo Santana (PT) e do senador Cid Gomes (PDT), em relação às últimas eleições: 2016 e 2018. O deputado federal Roberto Pessoa não é adversário ou inimigo do senador Tasso Jereissati, porém o ex-prefeito de Maracanaú vai marchar nos pleitos eleitorais nos municípios cearenses de acordo, com os interesses da direção nacional do PSDB, em detrimento de sua antiga relação, com o tucanado tassista.

Luiz Cláudio Ferreira Barbosa sociólogo e consultor político 

Fortaleza, 05 de Dezembro de 2019




segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Camilo Santana e a Região Metropolitana de Fortaleza

O governador Camilo Santana (PT) deverá ser a principal força política na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), nas eleições municipais de 2020. Camilo Santana não terá um posicionamento de coadjuvante como teve nos pleitos eleitorais das cidades cearenses, no ano de 2016. A principal liderança lulista-petista da política local, sem dúvida vai construir o seu bloco político-eleitoral-administrativo a partir do Partido dos Trabalhadores e do Movimento Democrático Brasileiro, com várias candidaturas nos principais centros urbanos do Estado do Ceará.

O ex-presidente Lula (PT) tentará derrotar o grupo do ex-ministro Ciro Gomes (PDT), no pleito eleitoral de Fortaleza do próximo ano. Lula não esconde a sua estratégia ao comando nacional do Partido dos Trabalhadores, assim como deixa bem claro aos pedetistas: Carlos Lupi, Ciro Gomes e Cid Gomes. O governador Camilo Santana (PT) vai seguir a orientação da maior liderança nacional de sua agremiação partidária, em relação ao pleito eleitoral da capital cearense. O camilismo-lulista precisa manter o capital político conquistado no segundo turno do pleito eleitoral presidencial de 2018, entre os fortalezenses que votaram no candidato Lula-Fernando Haddad.

O ex-ministro Ciro Gomes mantém retórica de ataques ao ex-presidente Lula e ao Partido dos Trabalhadores desde o segundo turno do pleito eleitoral de 2018. Ciro Gomes já provocou o distanciamento do PDT e do PT no âmbito nacional e estadual. Os pedetistas e petistas farão apenas alianças pontuais, com certeza bem menos parcerias partidárias do que nas eleições municipais de 2012 e 2016. O cirismo-robertista já tem o seu aliado preferencial no próximo ano, em Fortaleza: o senador Tasso Jereissati.

O senador Tasso Jereissati e o ministro Ciro Gomes irão reforçar os seus receptivos grupos políticos para enfrentar o bloco político do governador Camilo Santana (PT) e do ex-senador Eunício de Oliveira (MDB), nos principais municípios cearenses. O principal palco de duelo entre esses blocos é a Região Metropolitana de Fortaleza. O PSDB nacional deverá apoiar a pré-candidatura à prefeito de Fortaleza do deputado federal, Capitão Wagner (PROS), com aval do governador João Doria (SP), e ainda poderá levar o Democrata (DEM), para a coligação partidária oposicionista. O tassismo está sob o mandato do senador  Tasso Jereissati, com isso haverá transferência para o PDT ou Partido Socialista Brasileiro (PSB).

A direção nacional do Partido dos Trabalhadores deverá fazer a pré-indicação do candidato a prefeito de Fortaleza, nos primeiros dias do próximo ano (2020). A estratégia é sair na frente das pretensões do cirismo-robertista como principal adversário da frente partidária oposicionista (PROS-PODE-PSC) do pré-candidato Capitão Wagner. O ex-presidente Lula tomará a frente da iniciativa do lançamento da pré-candidatura petista-emedebista, em conjunto ao ex-senador Eunício de Oliveira, com o silêncio no primeiro momento do governador Camilo Santana.

O governador Camilo Santana tem três opções para lançar como candidato a prefeito de Fortaleza, no próximo ano: o ex-senador Eunício de Oliveira (MDB); o deputado estadual Elmano de Freitas (PT) e o deputado estadual Acrisio Senna (PT). O camilismo-lulista e o eunicismo-emedebista não têm nenhum interesse de fortalecer a deputada federal Luizianne Lins como a maior liderança cearense do ex-presidente Lula a partir da Prefeitura de Fortaleza, em janeiro de 2021. Luizianne Lins não seria obediente ao ex-senador Eunício de Oliveira e nem ao governador Camilo Santana, e talvez nem ao próprio ex-presidente Lula.

Os prefeituráveis petista-emedebistas (PT-MDB) deverão ser competitivos nos municípios da Região Metropolitana de Fortaleza. A principal candidatura é de Fortaleza, porém teremos candidaturas ancoradas na popularidade do governador Camilo Santana (PT), nas seguintes cidades da Grande Fortaleza: Eusébio, Caucaia, Maracanaú, Maranguape e outras. Camilo Santana não vai perder a onda lulista nordestina incentivada pelo Partido dos Trabalhadores e o ex-presidente Lula, nas eleições municipais de 2020.

Luiz Cláudio Ferreira Barbosa sociólogo e consultor político 

Fortaleza, 25 de Novembro de 2019



domingo, 17 de novembro de 2019

O Movimento Cívico Conservador Cearense: Pré-Bolsonarismo, Bolsonarismo, Neobolsonarismo e o Pós-Bolsonarismo

O Movimento Cívico Conservador Cearense (MCCC) surgiu como uma manifestação política-eleitoral no segundo turno do pleito de 2004, no município de Fortaleza. O motivo foi o acirramento dos discursos dos candidatos na questão de gênero e moralismo religioso. O atual vice-prefeito de Fortaleza, Moroni Bing Torgan, naquele período foi o responsável pela construção da primeira frente conservadora no seio da sociedade civil. MCCC era um movimento esporádico que somente surgia nos períodos eleitorais, como resposta a uma aliança entre os lulistas e o grupo Ferreira Gomes. O período pré-bolsonarista vai de 2004 até 2013. 

As manifestações das ruas de Fortaleza, ocorridas em 2013 contra a presidente Dilma Rousseff (PT) foram responsáveis pela organização dos movimentos conservadores a margem dos partidos e das lideranças locais. O sentimento antipetista nas classes médias fortalezenses tem um novo momento durante as manifestações populares no ano de 2015. O pleito eleitoral de 2016 na maior cidade do Estado do Ceará, já é responsável pelo realinhamento político-eleitoral do MCCC com a candidatura do Capitão Wagner, nas redes sociais, sem uma participação efetiva na estrutura de campanha do mesmo. A organização da pré-campanha presidencial do deputado federal, Jair Bolsonaro (PSC), sem dúvida pode ser o grande responsável pela entrada da Direita Ceará no Patriota (Ex-PEN) e logo em seguida no Partido Social Liberal (PSL). O período bolsonarista vai de 2013 até 2017.

O MCCC sempre foi a junção de indivíduos e de setores organizados da sociedade civil, com o sentimento antipetista, assim como também anti-cirista, em Fortaleza e no Ceará. A participação efetiva do MCCC nas instituições internas do PSL, já poderia ser considerado como uma questão de tempo. A eleição do deputado federal Jair Bolsonaro para a presidência da República, assim como o crescimento político-eleitoral do PSL, como o partido do governo era o cenário institucional perfeito. O Neobolsonarismo é o movimento da construção de uma nova maneira de administração pública do sistema presidencialista brasileiro. O sentimento anti-sistema do bolsonarismo desaparece no âmbito das políticas econômicas e das políticas administrativas, mas ainda é forte na relação do atual presidente, com o universo partidário. O MCCC é favorável à nova onda liberal na economia sob a liderança do ministro, Paulo Guedes, porém não é favorável ao radicalismo contra a classe política. O sentimento de responsabilidade com o bem público é presente no MCCC, com isso o Neobolsonarismo tem adeptos minoritários nos conservadores moderados cearenses. O período Neobolsonarista começou em 2018. 


A separação do bolsonarismo entre dois grupos, não é novidade na política brasileira: bolsonarismo autêntico e o bolsonarismo moderado. No período do presidente, José Sarney, a ala progressista peemedebista saiu do partido do governo. O nascimento do PSDB ocorreu como uma dissidência do PMDB no ano de 1989. No primeiro governo do presidente, Lula, os setores progressistas do Partido dos Trabalhadores fundaram o Partido Socialista e Liberdade, no ano de 2004, com isso a primeira dissidência no lulismo institucional. Os dois fatos históricos citados nesse parágrafo são quase idênticos, porém o presidente Jair Bolsonaro resolveu sair de sua agremiação partidária, com os setores mais fiéis no campo político ao seu projeto partidário: Aliança Pelo Brasil (APB). Jair Bolsonaro incentivou a dissidência na sua própria base aliada no Congresso. Isso é um novo fato histórico.

O bolsonarismo moderado ou bolsonarismo sem clã Bolsonaro é por natureza governista, pois mantém a responsabilidade política-administrativa, com as políticas públicas do atual Governo Federal, mas faz uma ruptura política, com o presidente Jair Bolsonaro. O Partido Social Liberal deverá ser por enquanto o veículo eleitoral do bolsonarismo moderado. No Congresso o Neobolsonarismo deverá ser aproximar do Novo 30 e do Podemos pró-Sérgio Moro, como força política-eleitoral talvez adversária do presidente Jair Bolsonaro, porém não será inimiga.

O Movimento Cívico Conservador Cearense deverá apoiar a candidatura do deputado federal, Capitão Wagner (PROS), a prefeito de Fortaleza, no próximo ano, em função da realidade local e do sentimento anti-robertista-cirista, que são bem acima da recente cisma partidária do grupo do presidente Jair Bolsonaro. O PSL secção cearense deverá fazer uma defesa das reformas estruturais do ministro da Economia, Paulo Guedes, como também fará uma aproximação com o Novo 30 do empresário Geraldo Luciano e dos setores organizados da sociedade civil de perfil ideológico liberal.

Luiz Cláudio Ferreira Barbosa sociólogo e consultor político 

Fortaleza, 17 de Novembro de 2019



segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Paulo Guedes e os seus apoiadores informais no Ceará: Alexandre Pereira e Geraldo Luciano



O ministro da Economia, Paulo Guedes, após a aprovação da Reforma da Previdência no Congresso,  foi o responsável pelo surgimento da corrente governista guedista-bolsonarista. O atual Governo Federal tem três correntes internas: bolsonarismo-olavista, guedismo-bolsonarista e morismo -bolsonarista. A única corrente que possui diálogo aberto, com o Congresso ( Câmara e Senado) é a do superministro Paulo Guedes.

A PEC do novo Pacto Federativo é sem dúvida o plano administrativo-político mais ambicioso,  após a promulgação da Constituinte de 1988, na história recente do Brasil. Existe a necessidade urgente de reorganização das finanças públicas dos seus entes federativos: União, Estados e Municípios. O setor produtivo e o mercado financeiro são os grandes fiadores perante a sociedade civil do Plano Paulo Guedes de equilíbrio fiscal no setor público brasileiro. A maioria dos analistas econômicos da imprensa brasileira também defedem o pacote governista de finanças públicas. 

Há no primeiro escalão do Governo Federal três lideranças da corrente guedista-bolsonarista: ministro Paulo Guedes (Economia), ministra Tereza Cristina (Agricultura) e ministro Tarcísio Gomes (Infraestrutura). O triunvirato ministerial é responsável por uma boa parte dos dados positivos dos primeiros trezentos dias do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) à frente da União. Aos poucos nos estados começaram a surgir os defensores da Reforma Tributária e do novo Pacto Federativo.  Os guedistas são bolsonaristas moderados ou não bolsonaristas, porém são defensores dos princípios liberais nas políticas públicas das seguintes áreas: Econômica, Tributária e Administrativa. 

As classes sociais C, D e E já perderam há muito tempo o poder de consumo, assim como convivem com a precarização do mundo do trabalho. A cidadania plena é algo impensável para a grande maioria da população brasileira. O cidadão-contribuinte de baixa renda, entre zero até dois salários mínimos não tem noção dos preceitos liberais na área de finanças públicas, porém os mesmos são desejosos de melhorias dos serviços públicos essenciais: Saúde, Transporte Público e Educação. 

A classe média baixa ,com ganho salarial de dois até cinco salários mínimos, já tem nível educacional acima dos seus conterrâneos, que estão quase abaixo da linha da pobreza. O cidadão-contribuinte  que pertence a classe média já tem uma capacidade de compreensão do equilíbrio das finanças públicas e a diminuição da carga tributária, assim como já votaria num candidato de perfil liberal para o executivo, como maior exemplo temos os governadores eleitos nas regiões Sul e Sudeste, no pleito eleitoral de 2018; pois todos são adeptos da linha econômica liberal do ministro Paulo Guedes.

As classes sociais A e B há muito tempo são críticas dos impostos dos bens de consumos. O cidadão-contribuinte da classe social B, com média salarial de cinco até dez salários mínimos, já não consegue pagar o seu plano de saúde, assim como os juros altos do cartão de crédito. O setor educacional privado (Primário, Secundarista e Universitário) é todo direcionado a classe média alta, mas com sinal de evasão de alunos, nas suas instituições educacionais. O alto índice de desemprego entre os brasileiros de nível superior tem eco nas reivindicações dos setores sociais mais abastados da economia brasileira. 

A classe média tradicional fortalezense deverá apoiar a candidatura a prefeito de Fortaleza, com o discurso de reestruturação das finanças públicas. A diminuição do quadro de comissionados e terceirizados na próxima gestão é pauta política-eleitoral muito forte nos setores organizados da sociedade civil. A própria imprensa tradicional (Rádio, Jornal e Televisão) já faz essa pauta nos seus editoriais políticos e econômicos. O público apresenta tendência conservadora na área moral, porém defende mudanças liberais nas políticas públicas da Prefeitura de Fortaleza,  esse dado  foi comprovado  após o presidente Jair Bolsonaro (PSL) ter recebido 35% dos votos válidos no primeiro turno nas eleições de 2018, na capital cearense.


É preciso a compreensão de que a pauta do pacote econômico enviado pelo ministro, Paulo Guedes, ao Congresso Nacional, com certeza vai guiar o debate público, como aconteceu com a Reforma da Previdência. O Cidadania 23 (PPS) deverá iniciar uma série de debates internos ainda nesse final de ano sobre os principais pontos da Reforma Tributária e do novo Pacto Federativo. O empresário e presidente estadual do Cidadania 23, o secretário municipal Alexandre Pereira, terá grande oportunidade de expor a sua experiência como gestor público, assim como a necessidade de diminuição da burocracia nas estâncias administrativas públicas. O Centro Democrático Fortalezense (CDF) deverá ser fórum econômico e administrativo interno do Cidadania 23 secção cearense, porém aberta ao público.


A direção nacional do Novo 30 deverá apoiar quase na íntegra o projeto de reestruturação do setor público do Governo Federal. O ministro da Economia, Paulo Guedes, deverá usar a bancada dessa agremiação partidária de perfil ideológico liberal, como os principais defensores do novo Pacto Federativo e das outras reformas econômicas, nas principais comissões da Câmara. O empresário e filiado do Novo 30, Geraldo Luciano, deverá iniciar uma série de palestras e de simpósios de defesa da remodelação do setor público via o Congresso.

O Cidadania 23 e o Novo 30 têm grande oportunidade de atrair o eleitorado de perfil liberal, para as suas fileiras partidárias, nos próximos meses. É muito salutar essa concorrência local na defesa das três PECs do ministro da economia, Paulo Guedes, em tramitação no Congresso. Existe a  possibilidade de termos duas novas vias no campo político durante a pré-campanha eleitoral da sucessão da Prefeitura de Fortaleza, no próximo ano: Social Liberal (Cidadania 23) e Liberal (Novo 30).

O Partido Social Liberal (PSL) secção cearense ainda vai permanecer numa crise interna, nos próximos dias. O Democrata (DEM) ainda permanece no campo especulativo sobre o seu futuro na política local. O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) caminha para uma rota de colisão política-eleitoral, com o presidente da República, assim como os tucanos cearenses que vão seguir a orientação do governador João Doria (SP). Os partidos (PP, PSD, MDB e outros) do Centrão no Congresso vão seguir o presidente da Câmara e do Senado, na discussão do pacote econômico, com isso as suas lideranças locais não deverão atuar livremente perante a opinião pública cearense. Os empresários Alexandre Pereira e  Geraldo Luciano são os apoiadores naturais e ao mesmo tempo informais do pacote administrativo-político do ministro da Economia, Paulo Guedes, em solo cearense.

Luiz Cláudio Ferreira Barbosa sociólogo e consultor político

Fortaleza, 11 de Novembro de 2019 


 

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Jair Bolsonaro e o seu estilo de Governança Pública


O presidente Jair Bolsonaro (PSL) não adotou o figurino tradicional de chefe do executivo do Governo Federal. Jair Bolsonaro manteve o seu estilo tradicional de  líder de um grupo político familiar, com quase nenhuma ligação ao universo partidário. O núcleo político-administrativo é o clã Bolsonaro, com as suas virtudes e os seus defeitos. O presidente Jair Bolsonaro apenas introduziu novos atores políticos pela necessidade de ocupação de cargos chaves na administração pública da Esplanada dos Ministérios.

O eleitorado tradicional bolsonarista não é contra a participação dos familiares e dos agregados, como o núcleo político-administrativo do presidente da República. A  última eleição de Jair Bolsonaro como deputado federal carioca pelo Partido Social Cristão (PSC), no pleito eleitoral de 2014, sem dúvida foi o início dos preparativos da pré-campanha eleitoral para a presidência. A direção nacional da agremiação cristã (PSC), iria vetar a postulação de Jair Bolsonaro, por isso o núcleo familiar e os simpatizantes ou agregados multipartidários foram os responsáveis pela organização da campanha midiática e dos eventos nos grandes municípios brasileiros do futuro presidente da República. Os militares na ativa e os militares aposentados apenas  aderiram a campanha pré-eleitoral do Jair Bolsonaro, em função da grande perspectiva de vitória eleitoral. O bolsonarismo é um movimento cívico conservador de lideranças horizontais, mas sempre teve núcleo central: o clã Bolsonaro.

O presidente Jair Bolsonaro atraiu vários militares para os cargos de primeiro e segundo escalão do Governo Federal. A entrada dos civis é de acordo com as bancadas temáticas do Congresso ( Bala, Boi e Bíblia), na Esplanada dos Ministérios. Os ideólogos olavistas e a sua guerra cultural, é apenas estratégia política-eleitoral de manutenção do antipetismo, como política pública, em alguns Ministérios (Educação, Meio-Ambiente, Direitos Humanos). Jair Bolsonaro somente toma alguma decisão política-administrativa, quando faz consulta individual a cada filho: Flávio, Carlos e Eduardo.

O ex-presidente Michel Temer (2016-2018) no período de sua passagem no Palácio da Alvorada, adotou o presidencialismo de compadrio, no início de seu mandato, com os seus correligionários, assim como fez a ex-presidente Dilma Rousseff (2011-2016). O antecessor do atual presidente da República, já no auge de uma enorme crise institucional e moral, criou o semiparlamentarismo. O sistema semiparlamentarismo não estava previsto na Constituição de 1988, por isso era modelo político-administrativo de caráter informal. O chefe do executivo dividiu alguns dos seus poderes, com o presidente da Câmara e com o presidente do Senado. O estilo de autogestão da crise institucional temerista foi fracasso na área administrativa e na área política-eleitoral. 

O ministro da Economia, Paulo Guedes, é o responsável pela renovação do sistema presidencialista. Paulo Guedes virou o primeiro ministro informal ou chefe de governo informal. O superministro fez aliança estratégica com o mercado financeiro e com setores produtivos da indústria e comércio, sendo  o agronegócio brasileiro  seu principal braço político no Congresso. Pela primeira vez na história da Nova República (1985-2019) temos na área econômica uma política ultraliberal aos moldes da Escola de Chicago (EUA) e do Círculo de Viena (Áustria). É importante frisar o apoio de parte da opinião pública que é  favorável às reformas: Trabalhista (2017), Previdência (2019) e Tributária (2020).  O Congresso (Câmara e Senado) são reféns das pautas econômicas do Governo Federal e dos agentes econômicos do setor privado.

O presidente Jair Bolsonaro deverá em breve ter o controle do Partido Social Liberal. O bolsonarismo não tem interesse de ser ator político-eleitoral nômade até a véspera do pleito eleitoral de 2020, para a presidência da República. Jair Bolsonaro não faz qualquer ato público sem antes fazer o cálculo de impacto entre os formadores de opinião pública. A imprensa brasileira já compreendeu a enorme capacidade do atual chefe do executivo federal de não ser refém dos editoriais jornalísticos. A política brasileira não será a mesma após o último biênio (2018-2019).

Luiz Cláudio Ferreira Barbosa sociólogo e consultor político 

Fortaleza, 29 de Outubro de 2019