segunda-feira, 31 de agosto de 2020

A Frente Progressista de Candidaturas em Fortaleza: Anízio Melo (PC do B), Alexandre Pereira (Cidadania) e Élcio Batista (PSB)

 


A sucessão municipal de Fortaleza, em 2020, já tem uma característica específica que é a pulverização de pré-candidaturas ao cargo de prefeito, no bloco governista. O prefeito Roberto Cláudio incentivou várias postulações a sua sucessão como chefe do executivo da capital cearense, com a pretensão de reagrupar a sua base aliada quando houvesse uma candidatura pedetista ovacionada pelo núcleo político do ex-governador Ciro Gomes e do senador Cid Gomes. O surgimento de fatores externos não estava no planejamento interno do núcleo duro da prefeitura de Fortaleza.

 

O surgimento da pandemia causada pelo Covid-19, sem dúvida foi responsável pela mudança do calendário eleitoral, com as eleições municipais sendo adiadas para o mês de novembro, assim como a perspectiva de diminuição da campanha presencial. A crise gerando insegurança quanto ao sustento e alimentação para a grande maioria da população brasileira, que somente não foi pior, em função do auxílio emergencial aprovado pelo Congresso e chancelada pelo Governo Federal. Não há dúvida de que esses fatores são responsáveis por mudanças nas estratégias eleitorais nas executivas partidárias a nível nacional, com forte influência nos partidos locais. 

 


A direção nacional do PC do B na figura do governador maranhense, Flávio Dino, já desenvolveu a estratégia de candidaturas próprias nas principais cidades brasileiras ao cargo de prefeito, no primeiro turno. Flávio Dino foi o grande responsável pela criação do Movimento 65, com a intenção de atrair os setores organizados da sociedade civil, para os palanques locais ou municipais do PC do B. O professor e sindicalista, Anízio Melo, é sem dúvida a única pré-candidatura a prefeito de Fortaleza, com enorme respaldo do governador Flávio Dino (MA), para a construção de uma nova base política e social, em função  do Movimento 65, já num processo de organização do palanque nacional do PC do B, no pleito eleitoral presidencial de 2022, aqui na capital cearense. 

 

O público alvo no campo eleitoral do Movimento 65, em Fortaleza, é também o mesmo do pré-candidato do PSOL: o deputado estadual Renato Roseno. A retirada da pré-candidatura do comunista, Anízio Melo, não vai ajudar, neste primeiro momento, a base aliada do prefeito Roberto Cláudio e do seu provável pré-candidato pedetista, pois não é o eleitorado pró-governista por natureza, no primeiro turno. Anízio Melo tem toda condição de fazer excelente interlocução política, com os setores mais aguerridos da juventude e da classe trabalhadora. A pré-candidatura petista da deputada federal e ex-prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, há muito tempo, somente disputa o mesmo eleitorado pró-governo da periferia fortalezense , com o pré-candidato oriundo do grupo do prefeito Roberto Cláudio (PDT). 

 

O empresário e ex-secretário municipal, Alexandre Pereira, sem dúvida fez da sua campanha de pré-candidato a prefeito de Fortaleza, através do Cidadania, um excelente palanque digital, que atraiu os setores organizados de perfil ideológico liberal social da sociedade civil ou classe média tradicional fortalezense. Alexandre Pereira é a única pré-candidatura governista não pedetista, com a capacidade de impedir o avanço da principal pré-candidatura oposicionista a prefeito de Fortaleza, que é a do deputado federal, Capitão Wagner (PROS). Alexandre Pereira pode ampliar a sua votação, impedindo o avanço da candidatura oposicionista no primeiro turno, nos bairros nobres fortalezenses. O diretório nacional do Cidadania tem total confiança numa candidatura competitiva na capital cearense, na pessoa do empresário, Alexandre Pereira, entre os seus concidadãos municipais.

 


No último pleito eleitoral para presidente da República, no ano de 2018, a classe média tradicional fortalezense votou em peso na seguinte dobradinha, no primeiro turno: Camilo Santana (PT) para o cargo de governador; para o cargo de presidente no Jair Bolsonaro. Foi o surgimento dessa geringonça política-eleitoral sem precedentes na história recente na política da capital cearense. A pré-candidatura do Cidadania, o empresário Alexandre Pereira, surge como único dique seguro no campo político-eleitoral, para segurar parte desse eleitorado da geringonça que é pró-Governo Federal e pró-Governo Estadual, na classe média tradicional fortalezense, ainda no primeiro turno, porém, esse eleitorado tende a ser no primeiro turno pró-Capitão Wagner (PROS) maciçamente contra uma postulação direta a prefeito de Fortaleza do grupo político cirista-robertista, caso não haja uma terceira opção. 

 

A vitória no segundo turno do presidente Jair Bolsonaro, nos bairros nobres da capital cearense, sem dúvida pode se repetir numa disputa polarizada entre a candidatura do deputado federal, Capitão Wagner (PROS), contra a candidatura pedetista, ainda no primeiro turno do pleito eleitoral de 2020, se não houver  uma candidatura de terceira via, com o perfil do empresário Alexandre Pereira pelo Cidadania. A viabilização da pré-candidatura do deputado estadual, Heitor Férrer (SD), a prefeito de Fortaleza numa coligação, com o MDB do ex-senador Eunício Oliveira, como também já há um segundo partido, em negociação, com o pré-candidato a prefeito de Fortaleza pela agremiação partidária Solidariedade 77. Heitor Férrer pode ser uma alternativa para o eleitorado moderado pró-governista ao Camilo Santana e ao Jair Bolsonaro, porém, não é simpatizante ao continuísmo administrativo do grupo político do prefeito Roberto Cláudio (PDT). O empresário Alexandre Pereira e o deputado estadual Heitor Férrer são amigos de longa data. 

 

A direção estadual do PSB mantém a certeza da pré-candidatura a prefeito de Fortaleza do sociólogo e ex-secretário estadual, Élcio Batista, como o representante do capital político-eleitoral do governador Camilo Santana (PT) entre os cidadãos fortalezenses. Élcio Batista tem a noção do poder de transferência eleitoral de Camilo Santana nas comunidades populares e nos bairros da classe média baixa, na capital cearense, ainda no primeiro turno. A coligação partidária entre o PDT e o PSB deverá acontecer no pleito eleitoral municipal de Fortaleza, nesse ano. A composição da chapa majoritária dessa frente partidária ainda será negociada entre o senador Cid Gomes (PDT) e o governador Camilo Santana (PT). O apoio do senador Tasso Jereissati (PSDB) e do empresário Chiquinho Feitosa (DEM) ao candidato a prefeito de Fortaleza do PDT, sem dúvida pode atrapalhar o equilíbrio interno entre o Cid Gomes e  Camilo Santana, pois, a frente partidária governista daria uma guinada à direita, já ocupada pelo bolsonarismo e o wagnismo, no espectro ideológico de Fortaleza. 

 

Luiz Cláudio Ferreira Barbosa, sociólogo e consultor político 








EDUCAÇÃO, PANDEMIA E ELEIÇÕES 2020

A pandemia da COVID 19 mudou a vida das pessoas e a dinâmica das sociedades em escala mundial na primeira metade de 2020. Quarentena, distanciamento social, paralização das atividades econômicas e sociais, novos hábitos higiênicos foram necessários. De um dia para o outro, fomos jogados num novo cotidiano, cheio de desafios e imersos num novo contexto de crise, que além de sanitária, acabou se revelando uma crise de paradigmas culturais, seja no campo da economia, do trabalho, da educação, da política, impondo inclusive alterações na dinâmica das próprias relações sociais. 

A necessidade extrema de isolamento social acelerou a redefinição da sociabilidade humana, agora cada vez mais dependente das tecnologias digitais de comunicação. Esse fato está exigindo das pessoas e instituições da sociedade uma capacidade brutal de reinvenção dos padrões relacionais, em um curto espaço de tempo. Também provocou uma alteração significativa nas relações e processos políticos, exigindo do Estado um posicionamento e uma atitude decisiva no combate à pandemia, com medidas urgentes e eficazes no campo sanitário, na perspectiva de evitar ao máximo a perda de vidas, mas também com inciativas necessárias no campo econômico para garantir a própria sobrevivência das pessoas, em tempos de queda na produção econômica e crescimento do desemprego em escala mundial. Toda essa realidade também leva a uma retomada do debate sobre o tamanho e o papel do Estado na sociedade, considerando que são os investimentos governamentais que estão sendo estratégicos na superação desses desafios trazidos pelo contexto da pandemia do novo Corona vírus. 

Mas o foco deste artigo é a educação, principalmente considerando o contexto eleitoral de 2020. O momento crítico atual apontou para a necessidade de redefinição dos paradigmas pedagógicos dos processos de ensino-aprendizagem, até então fundamentalmente baseados em atividades pedagógicas presenciais que envolvem contato físico direto entre as pessoas, o que com a pandemia passou a ser radicalmente restrito. As atividades escolares passaram a ser oferecidas de maneira remota ou através de plataformas virtuais de educação à distância, desafiando tanto os alunos como os professores, e os próprios serviços de gestão da educação. As famílias dos alunos tiveram que se reinventar, tanto do ponto de vista relacional, com uma presença maior de pais e filhos em casa, quanto do ponto de vista de sua infraestrutura, sendo obrigadas a fazer investimentos não previstos em tecnologias da informação, para garantir às crianças e jovens o acesso às atividades remotas e às plataformas de educação à distância, oferecidas pelas instituições educacionais. 


Já os professores, acostumados a uma dinâmica externa de trabalho, também tiveram que se reinventar diante da imposição do trabalho em sistema de home-office, o que lhes exigiu maior investimento em pesquisa e em tecnologia para produzir as aulas remotas e operar as plataformas virtuais, sem falar que o regime de trabalho em casa também lhes impôs uma redefinição da convivência doméstica, aonde, agora, a casa de cada um passou a ser, ao mesmo tempo, lar e local de trabalho. 

Outro desafio que a crise pandêmica trouxe para o campo da educação, aqui no Brasil, é o fato de que, devido a grande e estrutural desigualdade socioeconômica que caracteriza a macro sociedade brasileira, uma imensa parcela da população, principalmente nos estratos sociais mais pobres, e mais particularmente ainda nas regiões Norte e Nordeste do país, não têm acesso aos benefícios oriundos dos avanços das tecnologias de comunicação: acesso a internet, às ferramentas digitais de educação e capacitação para o uso adequado dessas ferramentas. Essa realidade, portanto, tem levado a grandes perdas pedagógicas nos processos educacionais, tanto na educação básica como na educação superior. 

Ora, 2020 é ano de eleições municipais aqui no Brasil, e esse contexto de crise pandêmica requer do eventuais candidatos aos cargos do poder executivo municipal, sobretudo, um olhar diferenciado sobre essa nova realidade, esse “novo normal” que nos foi imposto. As expectativas apontam não apenas para um novo modelo de campanha eleitoral, agora ainda mais focada nas redes sociais e no uso de ferramentas digitais de comunicação, mas principalmente sobre o que vem por aí em termos de propostas para as plataformas educacionais dos candidatos a prefeito. 

Neste sentido, apontamos aqui, de maneira mais geral, algumas preocupações que possam atender de maneira inovadora às novas demandas para a educação na sociedade pós pandêmica. • Redefinição das estruturas e projetos das escolas municipais, considerando os novos paradigmas sanitários e a perspectiva institucionalizada de atividades presenciais articuladas à oferta de atividades permanentes em plataformas de educação à distância;
 
• Criação de programas de incentivo à formação continuada de professores, para a realização de cursos de pós-graduação em nível de especialização, mestrado e doutorado, presenciais, semi presenciais ou totalmente à distância, com foco também na formação para a operacionalização das novas tecnologias digitais de educação; 

• Promoção de programas permanentes de capacitação de gestores escolares, com incentivo à realização de cursos de pós-graduação em nível de especialização, mestrado e doutorado, na área de gestão educacional, com foco também na formação para a operacionalização das novas tecnologias digitais de educação a distância; 

• Criação de projetos ou programas de avaliação e monitoramento das estruturas físicas e pedagógicas das escolas, com a participação de professores, alunos e seus familiares para a construção de um planejamento escolar que atenda de maneira satisfatória e eficiente as necessidades desse novo contexto pós pandemia. 

Enfim, é necessário que os candidatos a prefeito apresentem plataformas eleitorais, principalmente no campo da educação, que demonstrem às suas populações o seu real compromisso com o atendimento eficiente das novas necessidades produzidas pelo contexto pós pandemia. Estas plataformas também precisam demonstrar a capacidade criativa e inovadora dos futuros gestores municipais no atendimento às novas demandas da sociedade em seus municípios, criando estruturas e políticas públicas duradouras e flexíveis.

Francisco Antonio Ferreira de Almeida, sociólogo e mestre em educação




sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Capitão Wagner e o Auxílio Emergencial - Cidadão Fortalezense e a Fome

 


O deputado federal, Capitão Wagner (PROS), deverá ser beneficiado pelo alto índice de aprovação popular do auxílio-emergencial nos bairros pobres de Fortaleza. O cidadão fortalezense que não tem nenhuma renda fixa, somente sobreviveu nos últimos meses através da ajuda financeira do Governo Federal, na criação de uma renda mínima até o final do ano, em função da pandemia do Covid-19. A iminência da fome é o principal problema nas periferias da capital cearense. 

 

O peso dessa nova equação política-eleitoral poderá ser evidenciada no bom desempenho nas urnas do único pré-candidato oposicionista a prefeito de Fortaleza, que é próximo o bastante do presidente da República (Jair Bolsonaro), como também tem o apoio quase absoluto do eleitorado de centro-direita e de direita, no pleito eleitoral de Fortaleza de 2020. A frente partidária (PROS-PODE-PSC-PMN-Avante-DC-PTC-PMB) anti-Roberto Cláudio é reconhecida como a única alternativa política-eleitoral viável próxima ao presidente Jair Bolsonaro, com condição de receber o voto do simpatizante do programa social e econômico conhecido como auxílio-emergencial.


 

O legado administrativo dos dois mandatos (2013-2020) do prefeito Roberto Cláudio (PDT), sem dúvida é algo extraordinário na história de Fortaleza. Roberto Cláudio não tem como nesse primeiro momento, implantar uma política pública semelhante ao auxílio-emergencial, para as famílias miseráveis das periferias de Fortaleza. A prefeitura de Fortaleza teria muita dificuldade para tecer elogios a principal bandeira política-administrativa do Governo Federal. O peso do discurso  anti-bolsonarista nesse momento irá cobrar o seu preço alto a retórica política-eleitoral do ex-governador Ciro Gomes (PDT) e do prefeito Roberto Cláudio, no eleitorado fortalezense. É preciso a compreensão desse cenário favorável ao auxílio-emergencial perante a sociedade civil, que somente foi identificado no final da primeira quinzena de agosto, em função das pesquisas de opiniões públicas. 

 

O coordenador do PDT nas campanhas municipais no Ceará, o senador Cid Gomes, deveria centralizar as suas ações no município de Fortaleza, num diálogo permanente, com os seguintes partidos aliados: PSB, PC do B e Cidadania. Essas agremiações partidárias do mesmo campo democrático do PDT, na capital cearense, não poderão retirar as suas pré-candidaturas a prefeito de Fortaleza, no final do prazo do calendário eleitoral, para as convenções: Alexandre Pereira (Cidadania), Élcio Batista (PSB) e Anízio Melo (PC do B). Cid Gomes tem a certeza do apoio dos seguintes partidos e os seus diretórios estaduais ao seu candidato a prefeito de Fortaleza: PSD, Progressista, PL e PTB. Porém, as direções nacionais dessas agremiações partidárias citadas são neobolsonaristas, isso deveria acender a luz amarela no núcleo duro cirista-robertista.

 


A pré-candidatura a prefeito de Fortaleza, Capitão Wagner, tem patamar mínimo de 35% dos votos válidos projetados nas pesquisas de opinião pública, para o primeiro turno do pleito eleitoral de Fortaleza de 2020. Capitão Wagner tem noção da necessidade do apoio do pré-candidato a prefeito de Fortaleza do Solidariedade, o deputado estadual Heitor Férrer, no primeiro turno ou segundo turno, para ser eleito, como prefeito da capital cearense. Heitor Férrer (SD) tem patrimônio eleitoral de 8% até 10% dos votos dos fortalezenses, esse fato o torna o único obstáculo real a vitória do Capitão Wagner, no primeiro turno. O presidente estadual do Novo, o empresário Célio Fernandes, deveria ser convidado por Capitão Wagner, para um bom bate-papo republicano, numa cafeteria de Fortaleza. O Novo não deverá apoiar a candidatura do PROS, contudo, é o começo de uma boa relação institucional.

 

O auxílio-emergencial é o principal motivo da federalização do pleito eleitoral de 2020, em Fortaleza, num claro detrimento do debate político-eleitoral aos moldes de políticas públicas municipalistas. A campanha eleitoral do Capitão Wagner (PROS) simplesmente vai se moldar a onda positiva da política pública do auxílio-emergencial nos bairros pobres de Fortaleza, com os recursos financeiros do Governo Federal. O medo da fome mudou o grau de necessidade prioritária , do cidadão fortalezense, nessa eleição municipal, com isso é necessária a readaptação das candidaturas a prefeito de Fortaleza do bloco governista do prefeito Roberto Cláudio (PDT), para a pauta da crise alimentar, sem dúvida o tempo é muito curto de acordo, com o calendário eleitoral.

 

Luiz Cláudio Ferreira Barbosa, sociólogo e consultor político 





 

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Anízio Melo e o Movimento 65 - Eleições 2020 em Fortaleza




O militante do PC do B, o professor Anízio Melo, deverá construir o perfil político-eleitoral do Movimento 65, no município de Fortaleza, no pleito eleitoral de 2020. O governador do Maranhão, Flávio Dino, deverá ser candidato a presidente da República, nas eleições de 2022, num posicionamento de centro-esquerda no espectro ideológico brasileiro de contraponto ao lulopetismo. Flávio Dino tem interesse de atrair os setores progressistas da sociedade civil, por isso a necessidade da criação de um movimento partidário, com característica transversal ou horizontal, para os seus participantes.

 

O diretório municipal do PC do B sempre teve a característica de construir uma aliança eleitoral favorável ao campo democrático ,no final do século XX, pois em 1988  apoiou a candidatura do deputado estadual, Edson Silva (PDT), para prefeito de Fortaleza. Já no pleito eleitoral de 1996, o deputado federal Inácio Arruda, foi o candidato do PC do B, com o apoio do Partido dos Trabalhadores ao cargo de chefe do executivo da capital cearense. Os comunistas fortalezenses sempre estiveram a frente das principais chapas progressistas, na cidade de Fortaleza, nas últimas três décadas.

 

O deputado federal, Inácio Arruda, ainda teve duas candidaturas a prefeito de Fortaleza, com grande vantagem competitiva, em 2000 e 2004. Inácio Arruda liderou a primeira coligação de centro-esquerda (PC do B-PT-PDT e PSB) da história política fortalezense, no pleito eleitoral de 2000. Inácio Arruda obteve no pleito eleitoral de 2004, a terceira colocação no primeiro turno  e foi uma vitória moral do PC do B, pois dois anos depois agremiação comunista elegeria o seu primeiro senador no Ceará e no Brasil. A derrota da candidatura do senador Inácio Arruda (PC do B) é fruto do voto útil lulopetista a candidatura petista, no pleito eleitoral de 2012, em Fortaleza.

 

O PC do B foi muito importante no início do período lulista no estado do Ceará, com a participação de vários técnicos comunistas, nos principais escalões administrativos do Governo Federal, em solo cearense. Esses quadros permaneceram até o último dia do fim prematuro do mandato da presidente, Dilma Rousseff (PT), no primeiro semestre de 2016.  O PC do B esteve presente na administração municipal de Fortaleza, nos últimos dezesseis anos, pois participou no mandato da ex-prefeita, Luizianne Lins (PT), assim como ainda participa da gestão do prefeito Roberto Cláudio (PDT). Os comunistas estão presentes nas últimas quatro administrações do Governo Estadual do Ceará (2007-2020), em áreas estratégicas como Ciência e Tecnologia. Os prefeitos do PC do B são bem avaliados pela população cearense.

 

A candidatura do professor, Anízio Melo, não é fruto somente de uma simples conjuntura eleitoral do diretório municipal de Fortaleza do PC do B, mas sim de um acúmulo de experiências nas administrações públicas onde ocuparam quadros técnicos nos últimos vinte cinco anos. Anízio Melo tem uma bandeira muito importante na sua vida pessoal ou de militante social, que é a defesa da educação básica. O tema sobre os desafios da área da educação no município de Fortaleza, sem dúvida será quase monopólio discursivo do candidato a prefeito de Fortaleza do Movimento 65 ou PC do B. 

 

No pleito eleitoral de 2000 para o cargo de prefeito de Fortaleza, o principal segmento  que votou na candidatura do PC do B tinha entre 16 anos até 34 anos, com renda mensal de dois até cinco salários mínimos. No pleito eleitoral de 2020 esse mesmo público, já está numa média de idade entre 36 anos até 54 anos, com grande possibilidade de estarem sem uma renda fixa, em função da falência de parte do setor produtivo de Fortaleza, por causa dos efeitos negativos do Covid-19, na área econômica. O candidato do Movimento 65, Anízio Melo, tem compreensão da migração de estudantes do setor privado para o setor público, nos próximos dias, e percebeu como isso pegou as escolas municipais públicas de Fortaleza, sem um planejamento, para enfrentar esse desafio sem precedentes na educação básica.

 

Anízio Melo precisa dialogar com a nova pauta educacional dos membros da classe média fortalezense que foram jogados, para abaixo da linha da pobreza. O fechamento de várias escolas particulares já é fato no dia-a-dia do cidadão fortalezense, e particularmente nas nossas periferias. Anízio Melo deveria se dedicar a essa bandeira, em particular, nesse período de pré-campanha, como representante dos milhares de fortalezenses que irão precisar colocar os seus filhos, nas escolas públicas de Fortaleza e do Governo Estadual do Ceará. 

 

O Movimento 65 ou PC do B poderia tentar esquecer a polarização política nacional, e simplesmente sair na defesa dos novos pobres brasileiros pós-pandemia ou pós-Covid (19). O governador maranhense, Flávio Dino, precisa fortalecer o palanque do Movimento 65, em Fortaleza, pois um bom resultado eleitoral do seu candidato (Anízio Melo), no primeiro turno, sem dúvida vai forçar o grupo político do ex-governador, Ciro Gomes, em refazer novo pacto municipal entre o PC do B e o PDT, para o segundo turno. Anízio Melo precisa colocar a sua experiência como professor da rede pública, assim como a experiência administrativa do PC do B, como porto seguro para esse grande contigente da classe média fortalezense, que vai precisar do Movimento 65, como um fórum político-eleitoral de discussão de políticas públicas, em Fortaleza, no pleito eleitoral de 2020.

 

Luiz Cláudio Ferreira Barbosa, sociólogo e consultor político 

 

Fortaleza, 05 de Agosto de 2020