segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Camilo Santana e a Região Metropolitana de Fortaleza

O governador Camilo Santana (PT) deverá ser a principal força política na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), nas eleições municipais de 2020. Camilo Santana não terá um posicionamento de coadjuvante como teve nos pleitos eleitorais das cidades cearenses, no ano de 2016. A principal liderança lulista-petista da política local, sem dúvida vai construir o seu bloco político-eleitoral-administrativo a partir do Partido dos Trabalhadores e do Movimento Democrático Brasileiro, com várias candidaturas nos principais centros urbanos do Estado do Ceará.

O ex-presidente Lula (PT) tentará derrotar o grupo do ex-ministro Ciro Gomes (PDT), no pleito eleitoral de Fortaleza do próximo ano. Lula não esconde a sua estratégia ao comando nacional do Partido dos Trabalhadores, assim como deixa bem claro aos pedetistas: Carlos Lupi, Ciro Gomes e Cid Gomes. O governador Camilo Santana (PT) vai seguir a orientação da maior liderança nacional de sua agremiação partidária, em relação ao pleito eleitoral da capital cearense. O camilismo-lulista precisa manter o capital político conquistado no segundo turno do pleito eleitoral presidencial de 2018, entre os fortalezenses que votaram no candidato Lula-Fernando Haddad.

O ex-ministro Ciro Gomes mantém retórica de ataques ao ex-presidente Lula e ao Partido dos Trabalhadores desde o segundo turno do pleito eleitoral de 2018. Ciro Gomes já provocou o distanciamento do PDT e do PT no âmbito nacional e estadual. Os pedetistas e petistas farão apenas alianças pontuais, com certeza bem menos parcerias partidárias do que nas eleições municipais de 2012 e 2016. O cirismo-robertista já tem o seu aliado preferencial no próximo ano, em Fortaleza: o senador Tasso Jereissati.

O senador Tasso Jereissati e o ministro Ciro Gomes irão reforçar os seus receptivos grupos políticos para enfrentar o bloco político do governador Camilo Santana (PT) e do ex-senador Eunício de Oliveira (MDB), nos principais municípios cearenses. O principal palco de duelo entre esses blocos é a Região Metropolitana de Fortaleza. O PSDB nacional deverá apoiar a pré-candidatura à prefeito de Fortaleza do deputado federal, Capitão Wagner (PROS), com aval do governador João Doria (SP), e ainda poderá levar o Democrata (DEM), para a coligação partidária oposicionista. O tassismo está sob o mandato do senador  Tasso Jereissati, com isso haverá transferência para o PDT ou Partido Socialista Brasileiro (PSB).

A direção nacional do Partido dos Trabalhadores deverá fazer a pré-indicação do candidato a prefeito de Fortaleza, nos primeiros dias do próximo ano (2020). A estratégia é sair na frente das pretensões do cirismo-robertista como principal adversário da frente partidária oposicionista (PROS-PODE-PSC) do pré-candidato Capitão Wagner. O ex-presidente Lula tomará a frente da iniciativa do lançamento da pré-candidatura petista-emedebista, em conjunto ao ex-senador Eunício de Oliveira, com o silêncio no primeiro momento do governador Camilo Santana.

O governador Camilo Santana tem três opções para lançar como candidato a prefeito de Fortaleza, no próximo ano: o ex-senador Eunício de Oliveira (MDB); o deputado estadual Elmano de Freitas (PT) e o deputado estadual Acrisio Senna (PT). O camilismo-lulista e o eunicismo-emedebista não têm nenhum interesse de fortalecer a deputada federal Luizianne Lins como a maior liderança cearense do ex-presidente Lula a partir da Prefeitura de Fortaleza, em janeiro de 2021. Luizianne Lins não seria obediente ao ex-senador Eunício de Oliveira e nem ao governador Camilo Santana, e talvez nem ao próprio ex-presidente Lula.

Os prefeituráveis petista-emedebistas (PT-MDB) deverão ser competitivos nos municípios da Região Metropolitana de Fortaleza. A principal candidatura é de Fortaleza, porém teremos candidaturas ancoradas na popularidade do governador Camilo Santana (PT), nas seguintes cidades da Grande Fortaleza: Eusébio, Caucaia, Maracanaú, Maranguape e outras. Camilo Santana não vai perder a onda lulista nordestina incentivada pelo Partido dos Trabalhadores e o ex-presidente Lula, nas eleições municipais de 2020.

Luiz Cláudio Ferreira Barbosa sociólogo e consultor político 

Fortaleza, 25 de Novembro de 2019



domingo, 17 de novembro de 2019

O Movimento Cívico Conservador Cearense: Pré-Bolsonarismo, Bolsonarismo, Neobolsonarismo e o Pós-Bolsonarismo

O Movimento Cívico Conservador Cearense (MCCC) surgiu como uma manifestação política-eleitoral no segundo turno do pleito de 2004, no município de Fortaleza. O motivo foi o acirramento dos discursos dos candidatos na questão de gênero e moralismo religioso. O atual vice-prefeito de Fortaleza, Moroni Bing Torgan, naquele período foi o responsável pela construção da primeira frente conservadora no seio da sociedade civil. MCCC era um movimento esporádico que somente surgia nos períodos eleitorais, como resposta a uma aliança entre os lulistas e o grupo Ferreira Gomes. O período pré-bolsonarista vai de 2004 até 2013. 

As manifestações das ruas de Fortaleza, ocorridas em 2013 contra a presidente Dilma Rousseff (PT) foram responsáveis pela organização dos movimentos conservadores a margem dos partidos e das lideranças locais. O sentimento antipetista nas classes médias fortalezenses tem um novo momento durante as manifestações populares no ano de 2015. O pleito eleitoral de 2016 na maior cidade do Estado do Ceará, já é responsável pelo realinhamento político-eleitoral do MCCC com a candidatura do Capitão Wagner, nas redes sociais, sem uma participação efetiva na estrutura de campanha do mesmo. A organização da pré-campanha presidencial do deputado federal, Jair Bolsonaro (PSC), sem dúvida pode ser o grande responsável pela entrada da Direita Ceará no Patriota (Ex-PEN) e logo em seguida no Partido Social Liberal (PSL). O período bolsonarista vai de 2013 até 2017.

O MCCC sempre foi a junção de indivíduos e de setores organizados da sociedade civil, com o sentimento antipetista, assim como também anti-cirista, em Fortaleza e no Ceará. A participação efetiva do MCCC nas instituições internas do PSL, já poderia ser considerado como uma questão de tempo. A eleição do deputado federal Jair Bolsonaro para a presidência da República, assim como o crescimento político-eleitoral do PSL, como o partido do governo era o cenário institucional perfeito. O Neobolsonarismo é o movimento da construção de uma nova maneira de administração pública do sistema presidencialista brasileiro. O sentimento anti-sistema do bolsonarismo desaparece no âmbito das políticas econômicas e das políticas administrativas, mas ainda é forte na relação do atual presidente, com o universo partidário. O MCCC é favorável à nova onda liberal na economia sob a liderança do ministro, Paulo Guedes, porém não é favorável ao radicalismo contra a classe política. O sentimento de responsabilidade com o bem público é presente no MCCC, com isso o Neobolsonarismo tem adeptos minoritários nos conservadores moderados cearenses. O período Neobolsonarista começou em 2018. 


A separação do bolsonarismo entre dois grupos, não é novidade na política brasileira: bolsonarismo autêntico e o bolsonarismo moderado. No período do presidente, José Sarney, a ala progressista peemedebista saiu do partido do governo. O nascimento do PSDB ocorreu como uma dissidência do PMDB no ano de 1989. No primeiro governo do presidente, Lula, os setores progressistas do Partido dos Trabalhadores fundaram o Partido Socialista e Liberdade, no ano de 2004, com isso a primeira dissidência no lulismo institucional. Os dois fatos históricos citados nesse parágrafo são quase idênticos, porém o presidente Jair Bolsonaro resolveu sair de sua agremiação partidária, com os setores mais fiéis no campo político ao seu projeto partidário: Aliança Pelo Brasil (APB). Jair Bolsonaro incentivou a dissidência na sua própria base aliada no Congresso. Isso é um novo fato histórico.

O bolsonarismo moderado ou bolsonarismo sem clã Bolsonaro é por natureza governista, pois mantém a responsabilidade política-administrativa, com as políticas públicas do atual Governo Federal, mas faz uma ruptura política, com o presidente Jair Bolsonaro. O Partido Social Liberal deverá ser por enquanto o veículo eleitoral do bolsonarismo moderado. No Congresso o Neobolsonarismo deverá ser aproximar do Novo 30 e do Podemos pró-Sérgio Moro, como força política-eleitoral talvez adversária do presidente Jair Bolsonaro, porém não será inimiga.

O Movimento Cívico Conservador Cearense deverá apoiar a candidatura do deputado federal, Capitão Wagner (PROS), a prefeito de Fortaleza, no próximo ano, em função da realidade local e do sentimento anti-robertista-cirista, que são bem acima da recente cisma partidária do grupo do presidente Jair Bolsonaro. O PSL secção cearense deverá fazer uma defesa das reformas estruturais do ministro da Economia, Paulo Guedes, como também fará uma aproximação com o Novo 30 do empresário Geraldo Luciano e dos setores organizados da sociedade civil de perfil ideológico liberal.

Luiz Cláudio Ferreira Barbosa sociólogo e consultor político 

Fortaleza, 17 de Novembro de 2019



segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Paulo Guedes e os seus apoiadores informais no Ceará: Alexandre Pereira e Geraldo Luciano



O ministro da Economia, Paulo Guedes, após a aprovação da Reforma da Previdência no Congresso,  foi o responsável pelo surgimento da corrente governista guedista-bolsonarista. O atual Governo Federal tem três correntes internas: bolsonarismo-olavista, guedismo-bolsonarista e morismo -bolsonarista. A única corrente que possui diálogo aberto, com o Congresso ( Câmara e Senado) é a do superministro Paulo Guedes.

A PEC do novo Pacto Federativo é sem dúvida o plano administrativo-político mais ambicioso,  após a promulgação da Constituinte de 1988, na história recente do Brasil. Existe a necessidade urgente de reorganização das finanças públicas dos seus entes federativos: União, Estados e Municípios. O setor produtivo e o mercado financeiro são os grandes fiadores perante a sociedade civil do Plano Paulo Guedes de equilíbrio fiscal no setor público brasileiro. A maioria dos analistas econômicos da imprensa brasileira também defedem o pacote governista de finanças públicas. 

Há no primeiro escalão do Governo Federal três lideranças da corrente guedista-bolsonarista: ministro Paulo Guedes (Economia), ministra Tereza Cristina (Agricultura) e ministro Tarcísio Gomes (Infraestrutura). O triunvirato ministerial é responsável por uma boa parte dos dados positivos dos primeiros trezentos dias do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) à frente da União. Aos poucos nos estados começaram a surgir os defensores da Reforma Tributária e do novo Pacto Federativo.  Os guedistas são bolsonaristas moderados ou não bolsonaristas, porém são defensores dos princípios liberais nas políticas públicas das seguintes áreas: Econômica, Tributária e Administrativa. 

As classes sociais C, D e E já perderam há muito tempo o poder de consumo, assim como convivem com a precarização do mundo do trabalho. A cidadania plena é algo impensável para a grande maioria da população brasileira. O cidadão-contribuinte de baixa renda, entre zero até dois salários mínimos não tem noção dos preceitos liberais na área de finanças públicas, porém os mesmos são desejosos de melhorias dos serviços públicos essenciais: Saúde, Transporte Público e Educação. 

A classe média baixa ,com ganho salarial de dois até cinco salários mínimos, já tem nível educacional acima dos seus conterrâneos, que estão quase abaixo da linha da pobreza. O cidadão-contribuinte  que pertence a classe média já tem uma capacidade de compreensão do equilíbrio das finanças públicas e a diminuição da carga tributária, assim como já votaria num candidato de perfil liberal para o executivo, como maior exemplo temos os governadores eleitos nas regiões Sul e Sudeste, no pleito eleitoral de 2018; pois todos são adeptos da linha econômica liberal do ministro Paulo Guedes.

As classes sociais A e B há muito tempo são críticas dos impostos dos bens de consumos. O cidadão-contribuinte da classe social B, com média salarial de cinco até dez salários mínimos, já não consegue pagar o seu plano de saúde, assim como os juros altos do cartão de crédito. O setor educacional privado (Primário, Secundarista e Universitário) é todo direcionado a classe média alta, mas com sinal de evasão de alunos, nas suas instituições educacionais. O alto índice de desemprego entre os brasileiros de nível superior tem eco nas reivindicações dos setores sociais mais abastados da economia brasileira. 

A classe média tradicional fortalezense deverá apoiar a candidatura a prefeito de Fortaleza, com o discurso de reestruturação das finanças públicas. A diminuição do quadro de comissionados e terceirizados na próxima gestão é pauta política-eleitoral muito forte nos setores organizados da sociedade civil. A própria imprensa tradicional (Rádio, Jornal e Televisão) já faz essa pauta nos seus editoriais políticos e econômicos. O público apresenta tendência conservadora na área moral, porém defende mudanças liberais nas políticas públicas da Prefeitura de Fortaleza,  esse dado  foi comprovado  após o presidente Jair Bolsonaro (PSL) ter recebido 35% dos votos válidos no primeiro turno nas eleições de 2018, na capital cearense.


É preciso a compreensão de que a pauta do pacote econômico enviado pelo ministro, Paulo Guedes, ao Congresso Nacional, com certeza vai guiar o debate público, como aconteceu com a Reforma da Previdência. O Cidadania 23 (PPS) deverá iniciar uma série de debates internos ainda nesse final de ano sobre os principais pontos da Reforma Tributária e do novo Pacto Federativo. O empresário e presidente estadual do Cidadania 23, o secretário municipal Alexandre Pereira, terá grande oportunidade de expor a sua experiência como gestor público, assim como a necessidade de diminuição da burocracia nas estâncias administrativas públicas. O Centro Democrático Fortalezense (CDF) deverá ser fórum econômico e administrativo interno do Cidadania 23 secção cearense, porém aberta ao público.


A direção nacional do Novo 30 deverá apoiar quase na íntegra o projeto de reestruturação do setor público do Governo Federal. O ministro da Economia, Paulo Guedes, deverá usar a bancada dessa agremiação partidária de perfil ideológico liberal, como os principais defensores do novo Pacto Federativo e das outras reformas econômicas, nas principais comissões da Câmara. O empresário e filiado do Novo 30, Geraldo Luciano, deverá iniciar uma série de palestras e de simpósios de defesa da remodelação do setor público via o Congresso.

O Cidadania 23 e o Novo 30 têm grande oportunidade de atrair o eleitorado de perfil liberal, para as suas fileiras partidárias, nos próximos meses. É muito salutar essa concorrência local na defesa das três PECs do ministro da economia, Paulo Guedes, em tramitação no Congresso. Existe a  possibilidade de termos duas novas vias no campo político durante a pré-campanha eleitoral da sucessão da Prefeitura de Fortaleza, no próximo ano: Social Liberal (Cidadania 23) e Liberal (Novo 30).

O Partido Social Liberal (PSL) secção cearense ainda vai permanecer numa crise interna, nos próximos dias. O Democrata (DEM) ainda permanece no campo especulativo sobre o seu futuro na política local. O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) caminha para uma rota de colisão política-eleitoral, com o presidente da República, assim como os tucanos cearenses que vão seguir a orientação do governador João Doria (SP). Os partidos (PP, PSD, MDB e outros) do Centrão no Congresso vão seguir o presidente da Câmara e do Senado, na discussão do pacote econômico, com isso as suas lideranças locais não deverão atuar livremente perante a opinião pública cearense. Os empresários Alexandre Pereira e  Geraldo Luciano são os apoiadores naturais e ao mesmo tempo informais do pacote administrativo-político do ministro da Economia, Paulo Guedes, em solo cearense.

Luiz Cláudio Ferreira Barbosa sociólogo e consultor político

Fortaleza, 11 de Novembro de 2019