quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Cavalo de Troia de Sarto segue sendo empurrado às muralhas do Palácio da Abolição

 



Foi de estarrecer o discurso do prefeito Sarto, no fim de semana, sobre o cumprimento de 64% do plano de governo, elaborado durante a campanha de 2020 à Prefeitura de Fortaleza. Ao jogar números aleatórios de sua gestão, sem comprovação, Sarto ignora a dor do fortalezense na falta de políticas públicas, emprego, saúde, cultura, transportes e infraestrutura. A educação é uma rara exceção, em sua parte física, não na qualidade do ensino, mas por causa da continuidade dos projetos do ex-prefeito Roberto Cláudio. Ainda na educação, Sarto se vale de parcerias com o Governo do Estado, sendo a prefeitura a parte menor.


O plano de governo de Sarto previa geração de emprego, mas o próprio prefeito de Fortaleza persegue vendedores ambulantes, como ocorre com trabalhadores que há quase três décadas buscaram o sustento de suas famílias na Praça Coração de Jesus. Após um mês da entrega da reforma da praça, mesmo que incompleta, fiscais da Agência de Fiscalização (Agefis) impedem o retorno dos trabalhadores, diante da “oferta” de alguns quiosques que foram adquiridos por quem nunca trabalhou na Praça Coração de Jesus, tampouco houve facilitação àqueles que se dedicaram décadas na venda de milho verde, água de coco, batatinha frita, churrasquinhos e salgados. Também não houve transparência, segundo os vendedores ambulantes, na aquisição dos quiosques.

"Cabe ao poder público, de forma absolutamente transversal, em todos os temas, inserir dimensões e mecanismos que fomentem e induzam a geração de emprego e renda", aponta um trecho do plano de governo de Sarto, sobre geração de emprego e renda.


Em março deste ano, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência, mostrou que Fortaleza alcançou um saldo positivo de 3.449 vagas de emprego, por causa do setor de serviços. No entanto, o número é consequência de investimentos do Estado no setor, puxado pelo turismo e eventos.


Enquanto isso, em dados mais recentes, setembro/outubro, a Pesquisa do Endividamento do Consumidor de Fortaleza mostra que três em cada quatro consumidores estão endividados.


No critério ética e transparência do plano de governo, "os valores éticos são absolutamente os alicerces mais fundamentais que devem sustentar o Plano de Governo em todos os seus níveis, bem como a transparência dos atos públicos, pressuposto para o engajamento dos cidadãos no acompanhamento de todas as ações do poder público".


Mas não foi isso o que ocorreu quando do fechamento abrupto do Gonzaguinha da Messejana, quando nenhuma audiência pública foi realizada, tampouco laudos técnicos foram apresentados à sociedade ou órgãos fiscalizadores.


Outra afronta à população foi a divulgação do prazo para a entrega do novo Gonzaguinha da Messejana, mesmo sem a apresentação de um cronograma da obra. O prefeito anunciou para o ano eleitoral o novo hospital. No discurso cru e frio, o grande feito de Sarto será entregar à população o que ele próprio tirou.


É certo que o plano de governo, mesmo com apenas cinco páginas, está longe dos 64%, o que daria o cumprimento de três páginas e menos de um parágrafo da quarta página. Também é certo que o discurso do cumprimento do percentual de 64% não foi direcionado à população, mas ao governo eleito de Elmano (PT), como forma de o grupo político o qual Sarto está inserido demonstre força e consiga secretarias estaduais.


E Sarto é o melhor Cavalo de Troia... É o que restou ao grupo, após perder cadeiras na Câmara Federal e de iminente esvaziamento na Assembleia Legislativa.


Sarto foi convencido - ou se deixou convencer - que faz boa administração, ao ponto de vislumbrar um clima vitorioso de Copa do Mundo: "Time que está ganhando a gente não mexe".


Luiz Cláudio Ferreira Barbosa é sociólogo e diretor-gerente da Consultoria LCFB







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