domingo, 24 de abril de 2022

Artigo no Blog Eliomar de Lima: Lagoa do Cauípe: esperar, pode não dar tempo

 



Li com atenção e desprendimento ideológico, hoje, no Blog do Eliomar, o artigo do ex-deputado federal e ex-vereador João Alfredo, assinado também por ambientalistas, sobre a Lagoa do Cauípe, em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza.


A lagoa interdunar costeira, formada pelo estrangulamento do fluxo do rio Cauípe pela movimentação das dunas na planície costeira. Esse movimento, milenar, faz com que durante parte do ano as águas fiquem represadas com mais intensidade, mas durante o período chuvoso, o fluxo fluvial reencontra o mar", argumentou João Alfredo, com o aval de ambientalistas, que, segundo o ex-vereador de Fortaleza, estiveram no local onde a Prefeitura de Caucaia faz o desassoreamento, atividade contrária ao aterramento, como sugerem os ambientalistas.


Na teoria, o argumento de João Alfredo e de ambientalistas enche os olhos. Mas, na prática, essa “movimentação das dunas na planície costeira” ocorre há anos, sem o período chuvoso, que faria o “fluxo fluvial reencontrar o mar”. Ou seja, a lagoa está morrendo e precisa da ação benigna do homem para sobreviver. A não ser que a morte da Lagoa do Cauípe se enquadre para o grupo de ambientalistas como “fenômeno natural”.


Para quem não entende os termos técnicos, a Lagoa do Cauípe possui boa profundidade em sua formação natural. Mas, de uns anos para cá, com a ausência de chuvas e um deslocamento mais acelerado das areias, passou a ter a sua profundidade comprometida e a espalhar seu espelho d’água, o que facilita a evaporação. Praticantes de kitesurf foram os primeiros a notar que algo estava errado com a lagoa, diante da dificuldade de manobras do esporte. Depois os barraqueiros e, por fim, o setor do turismo. Menos os prefeitos anteriores do município.


O caso da atual gestão da Prefeitura de Caucaia é semelhante ao do Governo do Ceará, quando da construção do Açude Castanhão. Ambientalistas acusaram dano ao ecossistema da região, entidades reclamaram do impacto cultural na população da então Jaguaribara, políticos de oposição classificaram a obra como “elefante branco” e desperdício de dinheiro público. Intervenções e embargos eram solicitados todos os dias.


Vinte e sete anos depois, Tasso Jereissati nunca recebeu um pedido de desculpas ou reconhecimento por parte dos críticos, diante da importância que se revelou o Castanhão para o Ceará. Ah, alguns dos críticos são críticos hoje...


           Fortaleza, 21 de Abril de 2022.


Luiz Cláudio Ferreira Barbosa é sociólogo e gerente-executivo da Consultoria LCFB

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