Pelo menos três fatos marcam a atual fase da pré-campanha eleitoral: a janela partidária, a renúncia de Camilo Santana (PT) ao mandato de governador do Estado e a posse de Izolda Cela (PDT) na chefia do Palácio da Abolição. Para analistas políticos consultados por O Otimista, os eventos impactaram, profundamente, a corrida eleitoral de 2022, tanto entre governistas quanto na oposição.
O União Brasil, controlado no Ceará pelo deputado federal Capitão Wagner, pré-candidato ao governo do Estado, foi o partido que mais recebeu parlamentares. Resultado da fusão entre DEM e PSL, a sigla filiou cinco nomes: dois oriundos do Pros e três do PSL, PSDB e MDB. O grupo ficou com um deputado a menos do que o PDT governista.
Para o cientista político Cleyton Monte, a troca de siglas entre parlamentares beneficiou as forças governistas federais e de oposição no Ceará. “Tanto que o PL, partido do presidente Bolsonaro, foi o que mais cresceu na Câmara dos Deputados”, lembra ele, também professor da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Com 78 deputados federais no momento, o PL mais do que dobrou de tamanho em relação à época da posse, em 2018, quando contava com 33 parlamentares. “A gente sabe que essa recomposição impacta as eleições nos estados. Isso vai trazer mais força aos partidos de oposição no Ceará”, prevê Monte.
O consultor político Luiz Cláudio Ferreira Barbosa reforça a avaliação de que a oposição no Estado está fortalecida. “A janela partidária reorganizou as oposições no Ceará. Sem dúvida, deixou o cenário muito vantajoso. Particularmente, para Capitão Wagner”, analisa Barbosa, sobre o principal nome da oposição.
Pré-candidato ao Senado, o então governador Camilo passou a chave do Abolição para Izolda. Bem avaliado, o petista terá lugar de destaque na definição do nome do governo para concorrer em outubro. Um dessas possibilidades, a atual chefe do Executivo aposta num governo de continuidade e entrega de resultados.
Mas há um ‘porém’, segundo Cleyton Monte: “Mudança de liderança altera, pelo menos, o ritmo das ações, escolhas e preferência”, comenta o professor da UFC.
Gerente-executivo da Consultoria LCFB, Luiz Cláudio afirma perceber que enquanto a oposição se fortaleceu, o lado governista passou de um bloco sólido para vários polos internos. “Você teve uma pulverização. Outrora era um grupo. Hoje, há disputa entre aliados”, diz o consultor.
“Os subgrupos governistas vão competir entre si. Talvez só fechem na majoritária”, afirma Luiz Cláudio, referindo-se à chapa que inclui o nome do candidato a governador, vice e senador.
As convenções partidárias acontecem entre 20 de julho a 5 de agosto. Nestas eleições, também estão em disputa todas as cadeiras de deputados estaduais e federais.
Bayma lembra que Camilo será candidato ao Senado, será o mais importante cabo eleitoral de Izolda Cela, caso seja a atual governadora o nome do PDT na disputa, e fiador da ex-assessora especial, Janaína Farias, cotada para ser uma das mais votadas para a Câmara dos Deputados.
Do outro lado, aponta o especialista, há deputado federal aliado de primeira hora correndo o risco de não renovar o mandato. Segundo o consultor político, Camilo poderá flexibilizar essa posição, focando no que realmente importa. E explica o porquê.
“Para conter os rompimentos e arestas que podem colocar o projeto de manter o governo cearense, tendo em vista o crescimento evidente em todas as pesquisas do voto oposicionista no Ceará”, avisa o especialista.
O professor Cleyton Monte acrescenta: “Camilo vai ser destaque na eleição para governador e bancadas. Mas não sabemos até que ponto ele consegue transferir voto”.
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