quinta-feira, 12 de maio de 2022

Izolda Cela e a saga de Joana d'Arc

 


https://mais.opovo.com.br/colunistas/eliomar-de-lima/2022/05/11/artigo-izolda-e-a-saga-de-joana-d-arc.html

Maria não ousaria ter a luta comparada à Joana. Mas a história das camponesas, separadas por seis séculos, não há de negar a coragem de ambas à frente de exércitos em batalhas santas. A primeira, nascida na vila Domrémy, distante 340 quilômetros de Paris, buscou legitimar o trono francês reclamado pelos ingleses. Mesmo com batalhas vencidas e exército com a confiança restaurada, Joana d’Arc foi queimada em fogueira, após traída e aprisionada pelo seu próprio povo. A segunda, nascida na chegada da estrada de ferro da então longínqua e pobre Sobral, distante 240 quilômetros de Fortaleza, busca legitimar um futuro para toda uma juventude, principalmente por meio de conquistas na Educação e formação em escolas profissionalizantes. Mesmo com batalhas vencidas e com um exército de jovens que destacam o Ceará, Maria Izolda Cela corre o risco de ser “queimada”, diante de investidas de um grupo dentro de seu “próprio povo”.


Joana ouvia vozes as quais identificava serem do Arcanjo Miguel, de Santa Margarida e Santa Catarina. Maria ouve vozes demais...


É verdade que as primeiras vozes para Maria soaram mais “divinas”, quando o exército do PDT e aliados ainda ostentava os cavaleiros Roberto Cláudio, Evandro Leitão e Mauro Filho. Maria ainda era somente a doce camponesa com as raízes da “então longínqua e pobre Sobral”. São Camilo era o padroeiro do Palácio da Abolição e colhia orações em todas as “igrejas” para a construção de uma nova capela em Brasília.


As primeiras e divinas vozes para Maria vieram do prefeito de Caucaia, Vitor Valim, e, em seguida, do cavaleiro Evandro Leitão. Apesar dos pedidos de promessas em encaminhamento, São Camilo teve que optar somente por um dos cavaleiros, diante do risco da fé abalada de “fiéis”, pois já não era mais o padroeiro do Palácio da Abolição. Com os apoios declarados de Vitor Valim e Evandro Leitão, Camilo, já sem a santidade de obrar milagres, também se voltou para o comando da camponesa Maria.


Assim como ocorreu na Guerra dos Cem Anos, o trono do PDT no Ceará passou a ser disputado entre os irmãos Ciro e Cid Gomes, mas ao estilo da “Guerra Fria”. E foi fundamental para a camponesa Maria Izolda Cela o apoio de Cid, enquanto Ciro se voltou para Roberto Cláudio. O cavaleiro Mauro Filho, já sem armadura e poder de lança, segue o estilo Mauro Filho... ainda em cima do muro. Vai que...


Sem a chegada da hora da “inquisição”, Maria ainda se vale do tempo para reorganizar estratégias e qualificar as vozes que passaram a ecoar em sua mente, depois das iniciativas “divinas” de Vitor Valim, Evandro Leitão, Camilo e Cid. Maria precisa compreender que o grito da largada já foi dado e que os atuais gritos de largada são apenas gritos.


Joana teve a dignidade resgatada 25 anos depois de queimar na fogueira, diante de um novo tribunal inquisitorial, e então declarada Mártir da Igreja. Sua morte, no entanto, reacendeu o sentimento patriótico francês contra os ingleses.


Maria tem o aprendizado da história de Joana...


*Luiz Cláudio Ferreira Barbosa


Sociólogo e gerente-executivo da Consultoria LCFB.

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