domingo, 17 de novembro de 2019

O Movimento Cívico Conservador Cearense: Pré-Bolsonarismo, Bolsonarismo, Neobolsonarismo e o Pós-Bolsonarismo

O Movimento Cívico Conservador Cearense (MCCC) surgiu como uma manifestação política-eleitoral no segundo turno do pleito de 2004, no município de Fortaleza. O motivo foi o acirramento dos discursos dos candidatos na questão de gênero e moralismo religioso. O atual vice-prefeito de Fortaleza, Moroni Bing Torgan, naquele período foi o responsável pela construção da primeira frente conservadora no seio da sociedade civil. MCCC era um movimento esporádico que somente surgia nos períodos eleitorais, como resposta a uma aliança entre os lulistas e o grupo Ferreira Gomes. O período pré-bolsonarista vai de 2004 até 2013. 

As manifestações das ruas de Fortaleza, ocorridas em 2013 contra a presidente Dilma Rousseff (PT) foram responsáveis pela organização dos movimentos conservadores a margem dos partidos e das lideranças locais. O sentimento antipetista nas classes médias fortalezenses tem um novo momento durante as manifestações populares no ano de 2015. O pleito eleitoral de 2016 na maior cidade do Estado do Ceará, já é responsável pelo realinhamento político-eleitoral do MCCC com a candidatura do Capitão Wagner, nas redes sociais, sem uma participação efetiva na estrutura de campanha do mesmo. A organização da pré-campanha presidencial do deputado federal, Jair Bolsonaro (PSC), sem dúvida pode ser o grande responsável pela entrada da Direita Ceará no Patriota (Ex-PEN) e logo em seguida no Partido Social Liberal (PSL). O período bolsonarista vai de 2013 até 2017.

O MCCC sempre foi a junção de indivíduos e de setores organizados da sociedade civil, com o sentimento antipetista, assim como também anti-cirista, em Fortaleza e no Ceará. A participação efetiva do MCCC nas instituições internas do PSL, já poderia ser considerado como uma questão de tempo. A eleição do deputado federal Jair Bolsonaro para a presidência da República, assim como o crescimento político-eleitoral do PSL, como o partido do governo era o cenário institucional perfeito. O Neobolsonarismo é o movimento da construção de uma nova maneira de administração pública do sistema presidencialista brasileiro. O sentimento anti-sistema do bolsonarismo desaparece no âmbito das políticas econômicas e das políticas administrativas, mas ainda é forte na relação do atual presidente, com o universo partidário. O MCCC é favorável à nova onda liberal na economia sob a liderança do ministro, Paulo Guedes, porém não é favorável ao radicalismo contra a classe política. O sentimento de responsabilidade com o bem público é presente no MCCC, com isso o Neobolsonarismo tem adeptos minoritários nos conservadores moderados cearenses. O período Neobolsonarista começou em 2018. 


A separação do bolsonarismo entre dois grupos, não é novidade na política brasileira: bolsonarismo autêntico e o bolsonarismo moderado. No período do presidente, José Sarney, a ala progressista peemedebista saiu do partido do governo. O nascimento do PSDB ocorreu como uma dissidência do PMDB no ano de 1989. No primeiro governo do presidente, Lula, os setores progressistas do Partido dos Trabalhadores fundaram o Partido Socialista e Liberdade, no ano de 2004, com isso a primeira dissidência no lulismo institucional. Os dois fatos históricos citados nesse parágrafo são quase idênticos, porém o presidente Jair Bolsonaro resolveu sair de sua agremiação partidária, com os setores mais fiéis no campo político ao seu projeto partidário: Aliança Pelo Brasil (APB). Jair Bolsonaro incentivou a dissidência na sua própria base aliada no Congresso. Isso é um novo fato histórico.

O bolsonarismo moderado ou bolsonarismo sem clã Bolsonaro é por natureza governista, pois mantém a responsabilidade política-administrativa, com as políticas públicas do atual Governo Federal, mas faz uma ruptura política, com o presidente Jair Bolsonaro. O Partido Social Liberal deverá ser por enquanto o veículo eleitoral do bolsonarismo moderado. No Congresso o Neobolsonarismo deverá ser aproximar do Novo 30 e do Podemos pró-Sérgio Moro, como força política-eleitoral talvez adversária do presidente Jair Bolsonaro, porém não será inimiga.

O Movimento Cívico Conservador Cearense deverá apoiar a candidatura do deputado federal, Capitão Wagner (PROS), a prefeito de Fortaleza, no próximo ano, em função da realidade local e do sentimento anti-robertista-cirista, que são bem acima da recente cisma partidária do grupo do presidente Jair Bolsonaro. O PSL secção cearense deverá fazer uma defesa das reformas estruturais do ministro da Economia, Paulo Guedes, como também fará uma aproximação com o Novo 30 do empresário Geraldo Luciano e dos setores organizados da sociedade civil de perfil ideológico liberal.

Luiz Cláudio Ferreira Barbosa sociólogo e consultor político 

Fortaleza, 17 de Novembro de 2019



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