A carência de equipamentos de inclusão digital nas comunidades carentes de Fortaleza é uma preocupação atual. A falta de sensibilidade e estratégia, somada à insegurança nas comunidades, impede que as pessoas transitem livremente entre os bairros e acessem diretamente os poucos equipamentos existentes.
Recordando o final de 2009, período em que foi iniciado o Programa Nacional de Apoio à Inclusão Digital nas Comunidades - Telecentros.BR, instituído pelo Governo Federal através do Decreto 6991 de 27 de outubro de 2009, testemunhou uma notável parceria com a Prefeitura Municipal de Fortaleza. Durante a última década, iniciativas como o Telecentro.Br, o programa Casa Brasil, o Proinfor, a Casa da Cultura Digital, a Vila da Cultura Digital e outros desempenharam um papel fundamental na promoção da inclusão digital.
Os Telecentros.Br, por exemplo, proporcionaram acesso à internet e treinamento em habilidades digitais para comunidades carentes em Fortaleza, criando oportunidades educacionais e de emprego. Além disso, a introdução dos Centros Urbanos de Cultura, Arte, Ciência e Esporte (Cucas) também contribuiu significativamente para a inclusão digital. Os Cucas, como parte desses esforços, tornaram-se espaços multifuncionais que oferecem não apenas treinamento digital, mas também atividades culturais, esportivas e científicas.
No entanto, nos últimos anos, houve uma mudança de foco para formações técnicas avançadas, como programação e gamificação, em detrimento da importância da alfabetização digital básica. A capacidade de formatar um simples texto ou acessar serviços digitais básicos oferecidos pelos governos e empresas foi negligenciada, deixando lacunas na preparação das crianças, jovens e adultos para a era digital.
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Neto Muniz |
É fundamental reconhecer a importância de equilibrar a formação técnica avançada com as habilidades digitais essenciais. Além disso, o projeto "Vila da Cultura Digital", implantado em 2018 nos Cucas, ampliou o acesso a ferramentas digitais e promoveu a criatividade, tornando-se uma peça fundamental na inclusão digital das comunidades carentes de Fortaleza.
Entretanto, nos últimos anos, observamos que os poucos equipamentos ainda existentes estão passando por uma nova reformulação, o que é preocupante, pois ocorre sem o diálogo e a participação direta da comunidade que os utilizará. Não adianta implantar algo sem antes conhecer a necessidade e o perfil do usuário. Costumo sempre enfatizar que, para avaliar o nível das Políticas de Inclusão Digital em sua cidade, basta visitar uma agência bancária no início do mês e verá uma grande quantidade de usuários com dificuldades para acessar um simples caixa eletrônico.
Precisamos entender a importância de garantir que todas as camadas da sociedade estejam preparadas para participar plenamente da era digital e aproveitar seus benefícios, o que continua sendo um desafio crucial.
Neto Muniz
Especialista em Tecnologia em Gestão Pública Inovação.