O governador Camilo Santana tem uma capacidade
ímpar de construir uma aliança improvável no campo político-administrativo,
porém, não impossível no campo institucional, com o ministro da Justiça, Sérgio
Moro. Camilo Santana trouxe Sérgio Moro a Fortaleza, como um sinal de união do
Governo Estadual e do Governo Federal, no caso específico da paralisação do
setor público de segurança. O ministro Sérgio Moro também demonstrou grande
capacidade de criação de uma agenda propositiva na área de segurança pública
perante a opinião pública nacional.
O condomínio político-administrativo do governador
Camilo Santana (PT) e do senador Cid Gomes, já demonstra uma certa fadiga de
rearranjo na área administrativa. Camilo Santana sem dúvida é a maior liderança
política do grupo camilista-cidista que outrora era cidista-camilista. O grupo
camilista-cidista não é como o seu grupo original (cidista-camilista) uma
espécie de governo ônibus, com os governistas nas primeiras filas e os aliados
menores no fundão, pois o novo modelo (camilista-cidistas) é um verdadeiro
guarda-chuva ideológico, com a participação da maioria dos grupos políticos
cearenses, seguindo esse novo modelo político-administrativo: lulismo-petista,
cirismo-cidista, eunecismo (MDB), tassismo sem o PSDB, liberalismo social
(Alexandre Pereira) e os bolsonaristas moderados (Sérgio Moro).
A retórica nós contra eles não funciona na lógica
política-administrativa do governador cearense, Camilo Santana (PT), que já
construiu uma espécie de pacificação no campo político estadual. Camilo Santana
procura organizar um certo campo democrático de governabilidade ou parceria
entre o Governo Estadual e o Governo Federal independente do presidente de
plantão: Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro. É preciso compreender
essa característica peculiar do governador, Camilo Santana, na qual tem a
simpatia da opinião pública local e parte da opinião pública nacional.
O ministro da Justiça, Sérgio Moro, é a feição da
maior liderança política-administrativa do Governo Federal perante a opinião
pública nacional. Sérgio Moro tem o seu menor índice de popularidade na região
do Nordeste brasileiro, então como não pode fazer aliança na área política e
administrativa como o presidente da República, Jair Bolsonaro, o ministro
(Sérgio Moro) teve essa oportunidade de fazer uma aliança na área
institucional, com o governador cearense, Camilo Santana (PT), no campo da
Segurança Pública, desse modo poderá diminuir a sua rejeição nessa parte da
federação brasileira. O bolsonarismo moderado deverá ser parte do grupo
político-partidário do governador Camilo Santana (PT), numa provável agremiação
partidária da base aliada governista: Partido Socialista Brasileiro (Denis
Bezerra) ou Partido Liberal (Acilon Gonçalves).
O deputado federal Capitão Wagner (PROS) é sem
nenhuma dúvida o pré-candidato a prefeito de Fortaleza, com o apoio do setor
conservador-liberal da sociedade civil fortalezense. Capitão Wagner não deverá
adotar um discurso radical, em relação ao governador Camilo Santana (PT), dessa
forma caso seja eleito prefeito da capital cearense não terá nenhuma
dificuldade em construir uma nova parceria administrativa, com o Governo
Estadual. O discurso eleitoral anticamilista não tem eco no eleitorado
fortalezense, então, o principal pré-candidato (Capitão Wagner) das oposições
não vai adotar essa estratégia.
A pré-candidatura do Cidadania 23 (PPS) do
empresário e secretário municipal, Alexandre Pereira, poderá ,nesse primeiro
momento, ser a cristalização de uma futura candidatura camilista, para prefeito
de Fortaleza. Alexandre Pereira tem a capacidade política e técnica para ser o
candidato governista, com capacidade de adotar o modelo administrativo da
Parceria Pública e Privada na Prefeitura de Fortaleza; e a necessidade
implantar uma reforma fiscal no maior município cearense. O liberalismo social
tem pré-candidatura natural na figura pública do neorepublicano: Alexandre
Pereira.
O senador Cid Gomes deverá decidir pela candidatura
própria pedetista a sucessão do prefeito fortalezense, Roberto Cláudio, somente
na véspera do início da campanha eleitoral na televisão e rádio. Cid Gomes tem
a compreensão de que no primeiro instante da pré-campanha da capital cearense,
já poderemos assistir a uma provável migração do eleitorado cidista-robertista,
para o pré-candidato do Partido Verde, o deputado federal Célio Studart, que
surge como o principal adversário do pré-candidato oposicionista, o deputado
federal Capitão Wagner (PROS), em função do vácuo político-eleitoral de uma
candidatura própria governista municipal.
Luiz Cláudio Ferreira Barbosa, sociólogo e
consultor político
Fortaleza, 27 de Fevereiro de 2020